Shame on you!

Entrevista com a ministra Simone Tebet sobre um projeto de lei, a ser apresentado hoje, que endurece as penas por remuneração desigual entre homens e mulheres.

No final da entrevista, a ministra demonstra, inconscientemente, por que as mulheres, na média, ganham menos que os homens. Ao tentar justificar por que a remuneração igualitária teria impacto positivo sobre a atividade econômica, Tebet afirma que “a mulher não guarda, ela gasta o dinheiro com material escolar, supermercado e exames”.

A afirmação é absurda em si. Quer dizer então que, nas famílias em que a mulher não trabalha, ninguém faz supermercado, realiza exames e os filhos ficam sem material escolar? E mesmo nas famílias em que a mulher trabalha, esses gastos saem exclusivamente do salário da mulher?

Mas o pior não é nem o non sense da afirmação. A ministra reproduz o preconceito de gênero que procura combater. Por que, afinal, teria que ser a mulher a pagar o supermercado e o material escolar dos filhos? Essa associação demonstra que, mesmo para uma militante tão vocal sobre os direitos da mulher, fazer supermercado e cuidar dos filhos continuam sendo “tarefas da mulher”. Shame on you, Tebet!

Mulheres no espaço

Na copa do escritório, assistindo à Globo News.

As apresentadoras, muito contentes, dão a notícia de que a NASA está realizando o primeiro passeio espacial somente com astronautas mulheres.

Comigo na copa, duas mulheres.

A primeira, mãe e profissional bem sucedida, diz: “mas o que tem a ver isso? Que bobagem. Esse mundo tá muito chato”.

A segunda, a copeira do escritório, responde: “concordo. Não tem nada a ver”.

Eu, de minha parte, respeitei o lugar de fala e fiquei quieto no meu canto.

Mulheres matemáticas

Matéria do Financial Times (traduzida no Valor Econômico) aborda o fantástico fato de que praticamente 100% dos medalhistas de olimpíadas de matemática serem meninos.

Segundo os estudiosos do tema, cérebros de meninos e meninas são iguais. Portanto, a única explicação é que essa diferença seria resultado de uma “construção social”: o machismo estaria afastando as meninas da matemática.

Não fica claro porque os homens teriam monopolizado a matemática e não, por exemplo, línguas ou biologia. Talvez os estudiosos ainda não tenham chegado neste ponto em seus estudos.

Já tentaram de tudo, mas nada parece funcionar. A única mulher que ganhou a medalha Fields na história (o Nobel da matemática) veio do Irã, um país onde uma mulher ateou fogo em si mesma na semana passada por ter sido condenada ao entrar escondida em um estádio de futebol. Talvez os estudiosos pudessem estudar o Irã e suas práticas de “gender equality”. Quem sabe funcione.

Em outro ponto, a matéria lembra que a recordista feminina de medalhas em olimpíadas de matemática tem família de origem na antiga Alemanha oriental. A explicação, segundo os estudiosos, é que, na parte comunista do planeta, a mulher era valorizada como cientista. De onde concluo que perdemos uma chance de ouro de acabar com o machismo na matemática quando os EUA venceram a Guerra Fria. Uma pena.

Virando a casaca

Erica Paes é ex-lutadora de MMA e faixa preta de jiu-jitsu. É casada de papel passado com uma psicóloga.

Erica chegou a aderir ao “elenão” no 1o turno. No 2o turno, procurou a campanha de Haddad para oferecer seu apoio. Segundo ela, quando Manuela D’Ávila soube que Erica fazia parte da Secretaria de Políticas para a Mulheres do governo Temer, encerrou as conversas.

A atleta então procurou a campanha de Bolsonaro, que resolveu nomea-la “Coordenadora das Causas Femininas”. Sua agenda é em defesa das mulheres contra a violência masculina, principalmente doméstica.

Tudo isso é muito ridículo

Na Globo News, Cristiana Lobo nos conta que Manu D’Avila ficou uma pistola com os petistas. Motivo: parece que deram a ela a missão de representar a chapa somente em assuntos relacionados a gênero e juventude. Pudera, imaginou a Manu falando sobre economia? Aí é que a vaca petista não ia sair nunca do brejo.

Mas não é este o assunto. Logo depois dessa informação, a inefável âncora Leilane Neubarth começa o samba de uma nota só feminista: a candidata Manuela, por ser mulher, está sendo podada! E isso, em um partido de esquerda!!!

Não lhe ocorre que Manuela possa estar sendo podada pelas suas ideias. Não. O problema, em primeiro lugar, é o que vai entre as pernas. Só depois, vem o que a pessoa pensa. Se é que vem.

Leilane, como toda boa feminista, não entende que este tipo de raciocínio só serve para denegrir a mulher. O fato de ser mulher é mais importante, mais definidor, do que todo o resto. Não importam as virtudes, a genialidade, a personalidade, enfim, não importa tudo aquilo que define o ser humano. Importa, em primeiríssimo lugar, o gênero. Tudo o mais vai subordinado.

A cereja do bolo foi a constatação de que aquela “discriminação” estava sendo feita por um partido “de esquerda”. Claro, se fosse “de direita”, era o comportamento esperado. Mas da esquerda, se espera a virtude, o bom e o belo. Sempre. E discriminação não casa com nada disso.

Tudo isso é muito ridículo.