A salada das relações no Oriente Médio

Dois pontos me chamaram a atenção nesse atentado no Irã:

1) As bombas explodiram durante uma PROCISSÃO a um túmulo de um general, morto por forças dos EUA em 2020. Não se faz procissão a heróis de guerra e nem a patriotas. Procissões têm cunho religioso, e ocorrem a túmulos de santos e mártires, em busca de benção. O fato de que o general seja considerado um mártir no sentido religioso do termo demonstra a natureza dos conflitos no Oriente Médio. Isso nos leva ao segundo ponto.

2) O principal suspeito pelo atentado é o Estado Islâmico (ISIS), grupo radical sunita, em eterna batalha contra os xiitas, cujo principal reduto político é o Irã. Ambos se consideram uns aos outros como hereges, e as facções mais radicais pregam a eliminação pura e simples do grupo oposto. No campo político, o maior oponente do Irã xiita é o reino sunita da Arábia Saudita. Mas as coisas não são preto no branco: os muçulmanos do Hamas são sunitas, mas são apoiados pelos xiitas do Irã em seu objetivo comum: varrer os judeus para o Mar Mediterrâneo. Já o Hezbolah é um grupo xiita, oficialmente alinhado ao Irã.

Bem, temos aí uma amostra da salada que são as relações de forças no Oriente Médio. Israel é a única democracia da região, e se guia por valores ocidentais. Mas isso não significa que não saiba exatamente com quem está lidando, e adote todas as medidas para a sua própria defesa.

O representante do centro mostra porque o centro não existe

Entrevista com o ex-senador Tasso Jereissati. Reproduzo abaixo o início e o fim, o resto é tão irrelevante quanto a figura entrevistada.

Comecemos pelo fim. Tasso afirma que “não queremos” ocupar o lugar do bolsonarismo, mas sim, “queremos” ocupar o lugar do centro. “Queremos” quem, cara pálida? Quais forças políticas Tasso Jereissati está representando? Esta é só uma pergunta retórica, claro. O ex-senador representa um partido com passado glorioso, mas completamente irrelevante para o futuro do país. E essa entrevista só atesta essa triste realidade.

Um político que quer fazer oposição ao petismo não pode se dizer “muito surpreso” com a agenda econômica de Lula. Em que planeta estava o senhor senador enquanto o PT destruía a economia entre 2006 e 2015? “Ah, mas era legítimo esperar o Lula que governou entre 2003 e 2005”. Sim, era, para quem tem 18 anos de idade. Alguém que tem cabelos brancos e, em tese, é um político experimentado, não tinha esse direito. Na minha série “A Economia na Era PT”, demonstro que a semente do desastroso governo Dilma encontrava-se já no 2o mandato do governo Lula. De onde tiraram a ideia de que Lula voltaria 20 anos no tempo? “Ah, mas Lula teria aprendido com os erros do governo Dilma”. Que erros? O PT por acaso erra? Foi tudo culpa da queda dos preços das commodities, da Lava-Jato e do Eduardo Cunha.

O início da entrevista orna com o fim. Expressar “muita surpresa” no campo econômico encaixa-se perfeitamente com a babação de ovo a respeito da politica externa e da vacinação. Se fosse um governo responsável no campo econômico, seria nada menos que perfeito. É esse tipo de “oposição” que espera ganhar do PT em 2026?

O ex-senador tece loas à política externa do governo Lula, por conta do discurso na área ambiental. Adivinha qual o único político de expressão que condenou o atracamento de navios de guerra do Irã em porto brasileiro? Pois é. E ainda ficam espantados com o fato de Bolsonaro ter conseguido 49% dos votos.

Se Guga Chacra falou, tá falado

“Donald Trump sai fortalecido da crise com Irã ao menos no curto e médio prazo”.

“Se a retaliação iraniana fosse amena e convencional, sairia como vitorioso. Foi o que ocorreu”.

“Tenho enormes críticas ao presidente. Neste caso, ele acertou”.

Se Guga Chacra falou, quem sou eu para discordar.