Essa gente

Entre 2009 e 2014, os governos Lula e Dilma injetaram mais de R$ 500 bilhões no BNDES. Com o dólar, em média, a R$ 2,00, isso significa algo como US$ 250 bilhões. Este dinheiro não foi utilizado para comprar comida para os pobres, garanto.

Mas não é sobre o dinheiro que quero falar aqui. Nem sobre essa idiotice de matar a fome do pobre dando dinheiro, coisa que nem o nosso “pai dos pobres” conseguiu fazer. Gostaria de focar no termo “essa gente”, usado por Lula.

Existe muita discussão sobre as origens da polarização no país. A palavra tem sido muito utilizada de 2018 para cá. Tive a oportunidade de escrever um post mostrando as estatísticas. Parece que Bolsonaro trouxe a polarização para o país, um conceito supostamente estranho até então.

O uso do termo “essa gente” é a prova acabada de que a polarização é obra de Lula e do PT. Bolsonaro foi apenas a “encarnação” “dessa gente”, que se constituía, até então, como uma massa amorfa que apanhava dia e noite dos campeões da virtude que orbitam o PT. O “eu odeio a classe média” de Marilena Chauí é o corolário natural da postura implícita na expressão “essa gente”. Ocorre que “classe média” não é Jeff Bezos, Joe Biden e Elon Musk. O cara da classe C, que se ferra dia e noite para equilibrar o orçamento, e que vê o fruto do seu trabalho sendo roubado por um assaltante ou pelo governo que usa o seu dinheiro para alimentar uma máquina de corrupção, se inclui no “essa gente”. Esse sujeito acabou nos braços de Bolsonaro.

“Essa gente” é a tradução perfeita de quem se vê acima dos outros homens, arrotando uma superioridade moral que fede a hipocrisia. É bom que Lula continue falando bastante, pois talvez tenhamos esquecido o quanto seu discurso envenenou o ambiente político do país. Já escrevi aqui, e repito: o sucesso de Bolsonaro é o resultado desse discurso.

A função social dos empresários

Príncipe William dá lição de moral em Jeff Bezos e Elon Musk.

Outro dia (publiquei aqui), Lula escreveu o texto que acompanhou a indicação da empresária Luiza Trajano como uma das 100 personalidades mais influentes da revista Time. Lá pelas tantas, o ex-presidente saca o elogio máximo: Luiza não é desses empresários que queimam dinheiro em brinquedos espaciais. Não! Ela tem consciência social.

Príncipe William e Lula podem se dar as mãos. Ambos sabem melhor do que Bezos e Musk onde eles devem aplicar o seu dinheiro. Os dois estão entre os caras mais ricos do mundo, mas é o príncipe e o ex-presidiário que determinam onde é moralmente permitido investir.

Desde a década de 60, sabemos que o investimento em viagens espaciais têm relevância em muitas outras áreas. A tecnologia desenvolvida para levar um foguete até a órbita da Terra é usada em muitas outras atividades.

Além disso, o princípio da diversificação dos investimentos sugere que alguns empresários investirem em viagens espaciais é saudável. Afinal, pode ser que os investimentos para tornar a Terra habitável falhem, então é melhor ter um plano B. Se ninguém investir em viagens espaciais, lá na frente pode fazer falta.

Mas esses argumentos, apesar de importantes, são secundários. O principal é que ninguém designou príncipe William ou Lula como juízes morais dos investimentos de ninguém. Quem são eles para julgarem como Bezos, Musk ou qualquer outro empresário gera valor para a humanidade? Por trás desse julgamento há uma mal disfarçada ojeriza à atividade empresarial, que somente pode ser perdoada se cumprir uma “função social”. Função social esta, claro, definida pelos oráculos do bem, como príncipe William e Lula.

Claro que Jeff Bezos e Elon Musk estão C&A para o que pensam o príncipe e o plebeu. Ainda bem.

A incompetência tupiniquim será destruída

Lista de livros didáticos para o ano que vem. A escola tem convênio com a Disal. “Desconto exclusivo de 12%”.

Pesquisei os preços também na Amazon e na Saraiva. 40% dos livros estava mais barato na Amazon, mesmo com os 12% de desconto. Na Saraiva tudo mais caro.

Fiz os dois pedidos ao mesmo tempo. Hoje, dois dias úteis depois, recebi a encomenda da Amazon. Da Disal, recebi um e-mail informando que o pedido estava “pendente, em fase de encomenda junto aos fornecedores”.

Agora entendi porque Jeff Bezos é o homem mais rico do mundo e a Amazon é uma das maiores empresas do mundo e vai destruir a incompetência tupiniquim.

Tirando ideias do papel

Jeff Bezos acabou de se tornar o homem mais rico do mundo, ultrapassando Bill Gates.

Você não sabe quem é Jeff Bezos? É o fundador, CEO e maior acionista da Amazon.

A Amazon é dos poucos remanescentes da bolha “dot com” que estourou no início de 2000. Várias, muitas, milhares de empresas “dot com” ficaram pelo caminho. O que distingue Bezos, Zuckerberg, Gates, Jobs e outros poucos empresários que conseguiram não só sobreviver, mas tornarem-se bilionários? Simples: execução de uma ideia brilhante. Nesta ordem.

Muitos têm ideias brilhantes. Poucos, bem poucos, são capazes de tirar suas ideias brilhantes do papel.

Empresários são aqueles que conseguem tirar suas ideias do papel. As economias mais desenvolvidas são aquelas que facilitam esta tarefa. Uma economia em que ser empresário chega a ser heroico, é uma economia fadada ao fracasso.

Marx idealizou uma economia sem empresários. O próprio proletariado seria o dono dos meios de produção, apropriando-se, assim, da “mais-valia”. Ao eliminar o empresário, as economias comunistas eliminaram aqueles que tiram ideias do papel. Deu no que deu.

Hoje, Jeff Bezos é estupidamente rico. Mais rico do que uma parcela significativa da população mundial. Alguns acham isso um horror, o exemplo da maldade intrínseca do capitalismo. Eu penso diferente.

Se Jeff Bezos acumulou tanto dinheiro, é porque conseguiu tirar do papel uma ideia que ajudou, que foi útil, a bilhões de pessoas, que se mostraram dispostas a pagar por esta ideia. Hoje, o mundo está melhor porque Jeff Bezos conseguiu tirar sua ideia do papel. E sua fortuna é proporcional ao número de pessoas que ele beneficiou.

Não, você não tem direito divino a comprar coisas na internet e recebê-las no conforto do seu lar. Você só consegue fazer isso porque Jeff Bezos tirou uma ideia do papel. Se não fosse por pessoas como Jeff Bezos, talvez a igualdade de renda fosse maior, mas provavelmente estaríamos ainda esfregando gravetos para fazer fogo.