O preso de Schrödinger

Quando cumprir 100% da pena, Lula vai querer continuar preso até que reconheçam sua inocência.

Será o único solto preso do país.

Como diria a saudosa, não acho que quem ficar preso ou ficar solto, nem quem for preso nem for solto, vai ficar preso ou solto. Vai todo mundo ficar preso.

Beija-mão

Alberto Fernandez vai beijar a mão de Lula em Curitiba.

Prevejo que, daqui a 4 anos, a Argentina estará com uma inflação semelhante à da Venezuela hoje.

Fact checking

A notinha política abaixo contém três informações:

1. Aloizio Mercadante não morreu.

2. O PT quer diálogo.

3. Lula comanda o PT de dentro da cadeia.

Das três, duas são lendas urbanas. Prove que você está apto a trabalhar para uma agência de fact checking e aponte a única afirmação verdadeira.

O direito de ocupar

Marisa Moreira Sales, esposa do banqueiro Pedro Moreira Sales (uma das famílias mais ricas do Brasil) e outros dois endinheirados, cometem artigo hoje no Estadão defendendo o direito de “ocupação”.

Segundo o contorcionismo semântico tentado pelo trio, “ocupação” não é o mesmo que “invasão”. A “ocupação”, ao contrário da “invasão”, seria legítima, pois o imóvel não estaria cumprindo a sua “função social”. Há pelo três problemas com essa “definição”:

1) Sob esse rótulo de “função social” cabe um mundo. Não tenho dúvida de que D. Marisa usufrui como moradia de mais metros quadrados do que a imensa maioria dos brasileiros jamais sequer sonhariam. Alguém poderia dizer que o apartamento de D. Marisa, ou a casa de campo de D. Marisa ou a casa de praia de D. Marisa não estão cumprindo a sua “função social”. Aliás, no limite, alguém poderia dizer que o mais justo seria redividir todos os espaços de moradia igualmente entre os cidadãos. E aí?

2) Uma vez determinado o critério de “função social”, QUEM determina se tal e qual imóvel está ou não cumprindo o critério? Os tais “movimentos sociais” se auto-revestiram com o poder de determinar os imoveis que cumprem ou não a suposta “função social”. Por que eles e não o Estado através de seus representantes? Grupos privados que se apropriam de coisas de terceiros têm nome. E não é movimento social.

3) São milhões os que vivem em condições precárias por esse Brasilzão afora. Qual o critério para determinar que aquelas dezenas de pessoas da “ocupação” têm direito à moradia digna, deixando na chuva os outros milhões? Só tem um critério possível: a força bruta. Assim como o Estado protege a propriedade privada através do uso da força policial baseada na lei, a manutenção dessas ocupações só pode se dar através do uso da força. No entanto, como a “ocupação” não está baseada em lei alguma, só resta a lei do mais forte, a lei da selva.

Carmen, citada no artigo, está foragida. Ela é a criadora do MSTC – Movimento dos Sem-Teto do Centro. Sua filha está presa, aguardando julgamento. Denúncias anônimas dão conta de que havia cobrança de mensalidade (achaque) por parte dos coordenadores do movimento. D. Marisa e seus amigos endinheirados acham isso natural. Afinal, o dinheiro era usado para a “comunidade”, inclusive com acesso a “aulas de música e inglês”. Só faltou a capoeira. Dane-se se os moradores não estão interessados em ter aulas de música ou inglês. Têm que pagar do mesmo jeito.

Óbvio que a manutenção de qualquer edifício requer dinheiro, isso não se discute. O ponto aqui é o direito que algumas pessoas se auto-atribuem de organizar uma “ocupação” e cobrar por isso. A prática não se diferencia muito do que praticam os grileiros de terras.

Lula escreveu uma carta em apoio a Carmen e sua filha (veja abaixo).

Diz o presidiário de Curitiba que, assim como ele, ela estaria sendo perseguida por “lutar por uma sociedade mais justa”. Só este apoio e esta retórica já dizem muito sobre o “movimento”. Inclusive porque Carmen e sua filha não moravam na “ocupação”. Usavam o dinheiro dos moradores para alugar um imóvel na Bela Vista. Afinal, quem “luta por uma sociedade mais justa” merece um apartamento na Bela Vista ou um triplex no Guarujá.

O problema da falta de moradia digna é uma chaga social no Brasil, assim como em qualquer lugar do mundo subdesenvolvido. Mas não será ferindo o direito de propriedade através de ações truculentas que se resolverá o problema. Pelo contrário: a insegurança gerada pelo fantasma da “função social” da propriedade inibirá o investimento na construção de novas moradias, agravando o problema. Tenho certeza que o marido de D. Marisa concorda comigo.

Restrições

Lula está desgastado com a PF. Tudo porque o novo diretor limitou as visitas dos advogados a duas por dia, com 3 advogados em cada. Pelo visto não é suficiente, e a reclamação rolou solta, razão pela qual a PF teria pedido a transferência do presidiário.

Três advogados duas vezes por dia! E isso não é suficiente!

Li em algum lugar que 40% dos presos brasileiros não foram sequer julgados, mal tendo acesso a um mísero advogado. Agora entendo porque: estão todos ocupados em defender Lula.

Reconhecimento

Dois trechos que me chamaram a atenção na entrevista de Bolsonaro hoje, no Estadão. Nos dois, o presidente reconhece os avanços feitos no governo anterior.

Lula, quando assumiu o governo em 2003, fez questão de fazer tábula rasa do governo FHC. “Herança maldita” foi o termo usado. Nada, nada, nada prestava. Tudo tinha que ser reconstruído. Esse foi o discurso quando, na verdade, Lula construiu (para depois destruir) sobre os alicerces deixados por FHC.

A fala de Bolsonaro, reconhecendo boas coisas feitas pelo governo Temer, é uma lufada de ar fresco na política brasileira. Seja por cálculo político ou simplesmente por espontaneidade, Bolsonaro muda a prática política que, se não inaugurada pelo PT, foi levada ao cume da perfeição pelo partido de Lula.

Tragédia brasileira

Esse caso do BRT carioca talvez seja o resumo mais bem acabado, paradigmático até, do desperdício de recursos públicos no Brasil. Uma ode à incompetência associada ao populismo.

Foram investidos quase R$ 1 bilhão na construção do BRT Transoeste, parte dos esforços para melhorar a logística da futura sede dos Jogos Olímpicos. Quase R$ 1 bilhão que hoje estão incorporados à dívida pública brasileira (alô pessoal da auditoria da dívida pública, vai tomando nota).

A obra foi inaugurada com pompa e festa pelo então prefeito do Rio, Eduardo Pães, pelo então governador do RJ, Sérgio Cabral e pelo então ex-presidente da República, Lula.

Em janeiro deste ano, menos de 7 anos após a inauguração, a prefeitura do Rio decretou intervenção na concessão do BRT, em função dos péssimos serviços prestados. Mas vamos aos detalhes:

– As vias foram em grande parte construídas com asfalto de péssima qualidade, que não aguentaram o peso dos ônibus articulados que circulam pelo BRT. Vários quilômetros dessas vias precisariam ser totalmente reconstruídas.
– As vias de péssima qualidade fazem com que os custos de manutenção dos ônibus sejam muito maiores do que o previsto.
– A concessionária estima em 74 mil/dia o número de evasões, ou seja, pessoas que usam o sistema sem pagar. Para quem não conhece, o pagamento se dá nas estações, mas é facilmente burlável.
– Estações construídas no estilo “Brasil Grande” estão depredadas e servem de abrigo para moradores de rua e camelódromos. São 22 estações fechadas, quase 20% do total.

A concessionária afirma que já vinha alertando o poder concedente sobre os problemas do asfalto e da falta de segurança, mas nada havia sido feito. A intervenção, pelo visto, serviu como uma resposta política, mas, a julgar pela reportagem de hoje, pouca coisa mudou, na prática, para o usuário.

R$ 1 bilhão, inauguração com festa, materiais de terceira, usuários que não pagam. Não consigo pensar em melhor tradução da tragédia brasileira.

O que importa é soltar Lula

Não se enganem: esses grampos nos telefones de procuradores e todo esse estardalhaço em torno dos diálogos revelados só está acontecendo porque Lula, o Messias Brasileiro, o Guia dos Povos, a Salvação dos Pobres, está preso. Lula estivesse solto, nada disso estaria acontecendo, mesmo com dezenas de empresários e políticos presos.

O que importa, de verdade, é soltar Lula, o resto é detalhe irrelevante.

Quem manda está em Curitiba

O PT paulista enfrenta uma difícil decisão: quem será o candidato do partido na eleição para a prefeitura de São Paulo?

Carlos Zarattini, Paulo Teixeira e Jilmar Tatto formam as opções caseiras. Aloísio Mercadante é opção de nome nacional. Ana Estela Haddad ou outros nomes não políticos, da “sociedade civil”, também são opções. E até apoiar nomes de outros partidos, como Guilherme Boulos ou Marcio França, faz parte do cardápio.

Mas, assim como no PCC, a decisão final sai de dentro da cadeia.