Arma na mão

Mais um “tema polêmico” vai desfilar na Sapucaí. Além do “momento Porta dos Fundos” na Marquês de Sapucaí, a letra do samba-enredo da Mangueira também se dedica a “provocar Jair Bolsonaro”, com o trecho “o futuro não tem Messias de arma na mão”. Letra sob medida para embevecer a intelectualidade da zona sul.

Por curiosidade, fui ver o mapa de votação de Bolsonaro na cidade do Rio há pouco mais de um ano. O capitão ganhou em TODAS as seções eleitorais da cidade no primeiro turno. Nas seções em verde mais claro (zona sul), as votações foram inferiores a 50%. Ou seja, ele ganhou, mas não de maneira avassaladora como nas periferias e favelas.

E como foi a campanha de Bolsonaro? Com ou sem arma na mão? Pois é…

Se Bolsonaro perder a próxima eleição na cidade, pode ter certeza de que foi porque não cumpriu sua promessa de colocar ordem na casa. Com arma na mão.

O maior espetáculo de hipocrisia da Terra

Como sabem, a Mangueira foi campeã do Carnaval do Rio, cantando as glórias de Marielle Franco. A distância foi de 0,3 pontos sobre a segunda colocada. Se alguém acredita que é possível distinguir uma escola de outra por 0,3 pontos em 300 possíveis, parabéns. Uma outra hipótese é de que o tema teve influência decisiva na escolha da campeã. É apenas uma hipótese.

Marielle foi eleita com votos da Zona Sul do Rio. Isso não é figura de linguagem, aconteceu assim mesmo: suas maiores votações foram nas zonas 17, 206 e 252, que engloba Gávea, Ipanema, Copacabana, Leblon e Lagoa. Enquanto a vanguarda do proletariado estava elegendo Marielle, o proletariado mesmo estava votando em Crivella. Seria interessante fazer um censo entre os passistas da escola e descobrir quantos votaram em Marielle, ou mesmo no PSOL, o seu partido. Mas para ganhar o Carnaval nada como seguir a agenda da Zona Sul carioca.

O presidente da escola, deputado estadual, está preso em uma investigação sobre corrupção na Assembleia Legislativa. Todo apoio da Escola ao seu presidente. Afinal, o tema foi Marielle, não a corrupção que assola a política do RJ. Como se as duas coisas não estivessem interligadas. É o maior espetáculo (de hipocrisia) da Terra.