Show de graça

Praia de Copacabana. Manifestação contra Temer e as reformas, e por eleições diretas. Desfilaram no palco Mano Brow, Otto, Mosquito, Cordão da Bola Preta, Maria Gadu, Martn’ália, Pretinho da Serrinha, Teresa Cristina, Digitaldubs & Bnegão, Pedro Luis, Milton Nascimento e Caetano Veloso, além de vários artistas globais, liderados por Wagner Moura. Balões da CUT e deputados e senadores do PT, PSOL e Rede também marcaram presença.

Os organizadores estimam em 100 mil pessoas o público. Procurei uma foto aérea, mas não encontrei em nenhum site noticioso. Deve ter sido o primeiro caso de protesto com 100 mil pessoas reunidas sem foto aérea de que se tem notícia.

Pessoal da esquerda, permitam-me dar uma dica: aquela gente no Congresso só começa a se coçar quando vê multidões acima de 1 milhão na Paulista, sem artista, sem político e sem vale-mortadela. O resto é show de graça em uma tarde de domingo.

PS.: caso raro, um protesto com balões da CUT que não terminou em baderna. Deve ter sido exigência dos artistas.

Com a palavra, os parlamentares

Ouvi o áudio. Tenho minha opinião a respeito: apesar de não ficar clara a obstrução de justiça, está beeeeem longe de ser uma conversa republicana. No entanto, já ouvi opiniões de pessoas que respeito, de que esse áudio não é suficiente para derrubar um presidente, é pouco conclusivo.

No final do dia, assim como no impeachment, a minha opinião e a de meus amigos não valem um tostão furado. O que vai valer é a opinião dos parlamentares. Se estes mantiverem o apoio, vida que segue. Se retirarem, o presidente cai. O resto é papo de botequim.

Brincando com fogo

Michel Temer está brincando com fogo. A economia vai demorar a se recuperar e os empregos vão demorar a voltar. O único apoio possível da opinião pública, neste momento, está ligado à ética. Temer privilegia a interlocução no Congresso em detrimento da opinião pública. Até que à tensão social causada pela recessão se junte a indignação pela conivência com a corrupção. Os malucos que invadiram o Congresso outro dia não estão sozinhos. Eles são só mais malucos. Temer está provocando os menos doidos, enchendo o potinho da indignação.

Temer, por favor, não me obrigue a escrever #foraTemer

Motivos para o impeachment

Várias pessoas, compreensivelmente cansadas e desiludidas com a atual situação política e econômica, não se animam com o impeachment, porque não veem em Michel Temer algo melhor que Dilma Rousseff. Trocar um pelo outro seria trocar seis por meia dúzia, dizem.

Não é verdade por vários motivos combinados:

1. Temer é político profissional (e dos bons), Dilma é amadora. Mário Covas dizia que se orgulhava de ser um Político, com P maiúsculo. Ele queria dizer que a política se faz com políticos, não com mentes brilhantes ou com gerentes.

2. Temer pertence ao PMDB, um partido que não comunga da ideologia burra do PT e seus satélites, e que nos meteu nesse buraco em que estamos.

3. O PMDB é e sempre foi fisiológico. Mas não temos nada parecido com o Mensalão e o Petrolão, em dimensão e profundidade, antes do PT assumir o poder. O PT deu o novo tom da roubalheira, o PMDB e os outros partidos do condomínio só dançaram conforme a música. Não me entendam mal, o PMDB também tem culpa no cartório, mas foi o PT que liderou o processo.

4. Dilma perdeu a capacidade de governar, é preciso começar de novo. Com qualquer um.

5. O PMDB é um partido com qualidades e defeitos, feito por seres humanos. Não é como o PT, feito de redentores da humanidade, com quem não há diálogo, apenas submissão religiosa.

6. Temer não faz discursos que nos fazem sentir vergonha alheia do presidente.

7. Last, but not least: teremos uma primeira dama de primeira.