Depoimento do repórter da Globo que cobriu a queda do Muro de Berlim, que completa 30 anos amanhã.

Conta de sua emoção de estar testemunhando a história, apesar de “outros muros ainda estarem sendo construídos hoje”.

É do balacobaco!

O sujeito quer comparar o Muro de Berlim com o muro do Trump entre EUA e México. É mais ou menos como comparar o muro de um presídio com o muro que certamente protege o condomínio onde o repórter mora. E essa comparação não é nem a ideal, pois os condenados estão cumprindo pena pelos seus crimes, enquanto os alemães orientais só tiveram o azar de cair no lado errado da história.

O repórter celebra a queda do Muro de Berlim como um “congraçamento dos povos”, o que justificaria a comparação. Nada de muros que dividem as pessoas!

Congraçamento meus ovo. A queda do muro foi a libertação dos alemães orientais de um regime opressor, com resultados econômicos pífios. Até hoje os alemães orientais são mais pobres que os ocidentais, apesar dos esforços hercúleos de integração.

A queda do muro de Berlim deixou desorientada a esquerda no mundo inteiro. Transformar este evento em um “congraçamento dos povos” é uma forma de atenuar o seu real significado: o fracasso do socialismo como sistema econômico e de governo. Assim como dizer que o socialismo soviético não foi o “verdadeiro socialismo”, trata-se de uma forma de lidar com uma realidade muito dura, que destrói convicções longamente formadas.

O socialismo caiu com o muro, mas ainda vive nos corações e mentes de muitos.

A mentalidade socialista

A queda do muro de Berlim e a unificação da Alemanha completarão, no ano que vem, 30 anos.

Estes 30 anos não foram ainda suficientes para desfazer o mau que o socialismo fez em quase 45 anos de poder.

Claro, para fazer essa afirmação, é preciso saber a diferença de desenvolvimento entre as duas regiões antes da Guerra. Meu palpite é de que a região oriental era mais rica, dado que a capital, Berlim, se encontrava lá. Mas é um mero palpite, não tenho conhecimento a respeito.

De qualquer forma, os números sugerem que a questão não é meramente monetária. Não bastaram toneladas de investimentos para nivelar as duas regiões. A questão deve passar pela mentalidade: duas gerações cresceram sob o socialismo, em que o Estado provê tudo e o esforço individual conta muito pouco. A reversão dessa mentalidade exige mais do que dinheiro.

A marca do fracasso

“Foi revelada ao mundo a falência de um regime comunista, incapaz de induzir os próprios cidadãos a permanecerem dentro de seu país”.

Palavras de Henry Kissinger, em sua monumental obra Diplomacia, a respeito do início da construção do muro de Berlim.

Muitos consideram a queda do muro de Berlim como o marco do fracasso do regime comunista. Nada mais equivocado. A verdadeira confissão desse fracasso foi a necessidade da construção do muro. Não consigo pensar em nada mais falido do que um regime que precisa enjaular seus próprios cidadãos.