Onde está o dinheiro?

As ações da Eletrobrás subiram hoje 50%.

Vejam bem, não há absolutamente nada certo. O modelo não está definido, depende ainda de uma infinidade de fatores, vai haver muita pressão dos vários atores envolvidos. Pode demorar bastante, se é que um dia vai, de fato, acontecer.

Mas bastou uma simples carta de boas intenções, e os investidores compraram ações da empresa como se não houvesse amanhã. Se o processo realmente avançar, as ações podem subir muito mais.

O valor de mercado da Eletrobrás, ontem, era de R$20 bilhões. Com a alta de hoje, a empresa passou a valer R$ 30 bilhões. Como o Tesouro mais o BNDES detém cerca de 64% da empresa, ganharam (ganhamos) R$ 6,4 bilhões da noite para o dia. Bastou uma carta de boas intenções.

Sim, meus amigos, este é o custo de se manter estatais. Quando você se perguntar onde está o dinheiro para investir em saúde e educação, já sabe onde procurar.

Mais um curral

A privatização da Eletrobrás é dessas coisas em que só acredito vendo. FHC, na época das grandes privatizações, até que tentou, mas não conseguiu. Fez privatizações localizadas, de concessionárias estaduais. Mas na vaca sagrada do setor elétrico, não tocou.

O que me chama a atenção nesse episódio é o contraponto que o governo federal está fazendo em relação a Minas Gerais. Enquanto políticos mineiros dos mais diversos partidos lutam sofregamente para manter mais essa ilha de ineficiência chamada Cemig, o governo federal vende a Eletrobrás, para aumentar a eficiência e baratear a energia para o consumidor.

Por que tamanha sofreguidão em manter a Cemig nas mãos do estado? Difícil de entender, sem lançar mão da hipótese de manter nas mãos desses mesmos políticos um instrumento de, digamos, acomodação de interesses. “Interesses estratégicos” ou “patrimônio do povo mineiro” seriam motivos cômicos se não fossem trágicos. Minas, como todos os outros Estados do Brasil, está quebrada. Mas esses políticos irresponsáveis não veem problema em tomar uma dívida de R$11bi para pagar pelas concessões que, de outro modo, seriam leiloadas. E R$11 bi do BNDES, que estaria, assim, perpetuando a ineficiência.

Aécio Neves, o político mineiro que está liderando esta patacoada, posou de moderno na campanha de 2014. Está se mostrando, na verdade, mais um coronel que quer manter o seu curral intacto.

O corporativismo continua firme e forte

Alguns números:

– Cunha foi eleito presidente da Câmara há dois anos com 267 votos. Hoje, Maia foi eleito com 293 votos.

– Em 2015, Arlindo Chinaglia, do PT, recebeu 136 votos. Hoje, a soma dos candidatos do “campo progressista” (André Figueiredo, do PDT e Luíza Erundina, do PSOL) receberam, no conjunto, 69 votos. Ou 13,5% da Câmara.

A isto se resume a esquerda ideológica no parlamento brasileiro. Fazem muito barulho, queimam pneus, quebram vidraças, mas são irrelevantes politicamente.

Infelizmente, porém, isso não significa que os liberais estejam em maioria. O grande inimigo do povo, o corporativismo, continua firme e forte. Privatização da Petrobras, nem pensar. Fim do imposto sindical, um sonho de uma noite de verão. Fim da estabilidade do funcionalismo público, faz me rir. Neste ponto, a esquerda ideológica e o centrão corporativista se dão as mãos para espoliar o povo brasileiro.

Proposta revolucionária

Uma ideia para a plataforma de algum candidato a presidente em 2018.

O valor de mercado da Petrobras, hoje, é de aproximadamente R$ 187 bi. Desse total, cerca de 30%, ou R$ 56 bi, pertencem ao governo. Digamos, para efeito de cálculo, que este fosse o preço de venda da empresa (é maior, se considerarmos o prêmio de controle).

No Brasil, são 13 milhões os beneficiários do Bolsa Família. Dividindo-se R$ 56 bi por 13 milhões, dá R$ 4.300 por família.

Proposta: vender a Petrobras, e dividir o dinheiro entre os beneficiários do Bolsa Família. Assim, pela primeira vez na história do Brasil, a Petrobras seria de fato do povo! E duvido algum candidato, qualquer um, perder a eleição com uma plataforma dessas!

Alternativas à CPMF

Dilma diz que a CPMF é a única alternativa viável para equilibrar as contas públicas. Considerando que se trata de uma alternativa politicamente inviável, vão a seguir algumas outras sugestões de medidas politicamente inviáveis, mas muito mais eficazes para nos tirar do buraco:

– Privatização de TODAS as estatais

– Fim da estabilidade do funcionalismo público

– Fusão de 2.000 municípios economicamente inviáveis

– Fim do BNDES

Idade mínima de 60 anos para a aposentadoria para todos os gêneros, raças, religiões, profissões, etc

Uma só dessas medidas substituiria com folga a CPMF.