Estava tudo bem no Brasil, com o governo promovendo políticas de bem-estar para o povo. Aí veio o golpe de direita e depôs Dilma, jogando o país no caos econômico.
Estava tudo bem na Venezuela, com o governo promovendo políticas de bem-estar para o povo. Aí vieram as sanções dos EUA, jogando o país no caos econômico.
O PT continua se esforçando para não nos deixar esquecer porque não pode voltar ao poder.
De vez em quando, até Eugênio Bucci escreve coisas interessantes. É o caso desse artigo.
Segundo o professor da ECA, a única chance das esquerdas no Brasil é libertarem-se do seu passado, jogando ao mar os dirigentes que cometeram crimes, em uma autocritica pública. Escrevi mais ou menos a mesma coisa há alguns dias, quando comparei os petistas aos escravos do faraó, que entram na tumba com o seu chefe para morrerem juntos.
Só tem um probleminha com a ideia do artigo: é desconsiderar a natureza do PT e de seus satélites. O culto à personalidade e o terror da nomenklatura fazem parte constitutiva de partidos desse tipo.
Quem assistiu A Morte de Stálin sabe do que estou falando. Apesar do tom burlesco e farsesco, o filme retrata muito bem a atmosfera da Rússia stalinista. E Krushev somente teve peito para fazer uma critica aos anos de Stálin quando estava, ele próprio, bem aboletado no poder.
É assim que funciona. Não existe isso de “autocritica”. Os dirigentes do partido sempre estão certos e dizer o contrário é um crime contra o partido. Criam-se todas as narrativas necessárias para manter o líder e a nomenklatura em seus devidos lugares.
Em partidos normais da democracia, quando um líder é pego com batom na cueca, cai imediatamente no ostracismo, por mais que seus colegas de partido tentem disfarçar. Aécio Neves é o caso clássico. Alguém imagina “vigílias” na frente da prisão de Aécio? Pois então.
Bucci sugere que o “déficit democrático” do PT seria resolvido com uma autocritica pública, jogando seus dirigentes ao mar e reciclando suas lideranças. Seria verdade se fosse possível. Mas o caráter stalinista do partido já ficou mais do que comprovado. Outro líder somente surgirá quando o atual se for. E o próximo líder sim, fará a “autocritica” do partido, mas somente para preservar o próprio poder. Essa é a lógica.
Bucci está pedindo que o PT mude de natureza, que se transforme em uma espécie de PSDB sem tipos como o Doria. Não vai acontecer. O escorpião tem sua própria natureza, nasceu com ela, vai morrer com ela.
Há quem a critique, mas eu acho sensacional o simbolismo da posse simbólica de Lula para um quinto mandato consecutivo do PT, depois de amanhã, em Curitiba.
Tomara que os petistas não se contentem em gritar um simbólico “Viva o presidente!” na calçada em frente ao prédio (concreto) da Polícia Federal, e nomeiem também um ministério simbólico para, simbolicamente, governar o país por simbólicos quatro anos.
Lamentável é que tenham demorado tanto para ter essa ideia. Isso deveria ter sido feito já em 2003. Um governo simbólico, naquela ocasião, teria indicado diretores simbólicos para a Petrobras e saqueado apenas simbolicamente a empresa.
Teríamos tido um mensalão simbólico e só o simbolismo do triplex e do sítio. O calote dos países bolivarianos teria sido simbólico, simbólica a quadrilha formada por Dirceu, Genoíno, Delúbio e cia.
Friboi e Odebrecht não passariam de símbolos. Toffoli e Lewandowski seriam ministros simbólicos do Simbólico Tribunal Federal.
A simbolicíssima Dilma faria uma faxina simbólica varrendo simbolicamente para debaixo de um simbólico tapete os malfeitos simbólicos dos seus simbólicos ministros. Simbólicas pedaladas culminariam num simbolicamente fatiado impítimã e permaneceria intacta a simbologia do golpe.
Após dezesseis anos de puro simbolismo, o presidente que efetivamente toma posse nesta terça receberia um país com menos desemprego, menos ódio, menos doutrinação, menos violência.
Que a posse simbólica de Lula seja um símbolo de que o Brasil enfim achou o rumo e que ninguém – nem o PT – consegue errar o tempo todo.
Muito sucesso em seu governo simbólico, presidente Lula!
(Questão de ordem: Em caso de indulto ou uma marcoaurelice qualquer, o Haddad assume simbolicamente o cargo?)
Enquanto Lula for vivo, as esquerdas em geral e o PT em particular serão um seu puxadinho. O que existe é Lula, o resto é só apêndice.
A prova disso é que nem a prisão de Lula foi capaz de libertar o PT. Pelo contrário: o partido, seus intelectuais, religiosos, artistas, jornalistas, foram junto com Lula para a cadeia, como iam para a tumba os escravos do Faraó, acompanhando seus restos mortais, condenados eles mesmos a morrerem com seu senhor.
Ontem, a liminar do fim do mundo captou corações e mentes dos brasileiros, e passou despercebida outra decisão do ministro Marco Aurelio: a suspensão de um decreto de Temer que permitia à Petrobras vender ativos sem licitação.
O ministro acatou pedido do PT, que via no decreto uma forma do governo continuar a “devastação” da empresa.
Querem saber? Tanto o PT quanto o ministro Marco Aurélio estão absolutamente certos neste caso.
O governo Temer vem tentando recuperar a maior estatal brasileira do desastre lulopetista. Para tanto, nomeou uma gerência profissional e deu início a um programa de saneamento, o que incluiu a prática de preços de mercado para os combustíveis e a venda de ativos para a desalavancagem do balanço da empresa.
O que o decreto de Temer pretendia era, na prática, equiparar a Petrobras a uma empresa privada, no que concerne à compra de equipamentos e venda de ativos. Trata-se, obviamente, de uma gambiarra.
Na falta da vontade/capacidade política de privatizar a empresa, procura-se torná-la, para todos os efeitos práticos, uma empresa privada, mas permanecendo estatal.
Ora, ou a empresa é estatal ou é privada. Não dá pra ser as duas coisas ao mesmo tempo. Pra que serve uma empresa estatal, senão para cumprir políticas de governo? Que sentido tem o Estado poder tirar petróleo do subsolo se não for para usá-lo como subsídio para suas políticas?
Nesse sentido, Dilma estava absolutamente correta ao usar a Petrobras para controlar a inflação, congelando os preços dos combustíveis. Se a Petrobras não serve para isso, vai servir para o que mais? Também o PT/PMDB/PP estavam absolutamente corretos em usar a Petrobras para obter “fundos partidários” a partir de contratos fraudados. Afinal, se uma estatal não serve pra isso, pra que ela existe mesmo?
O PT acusa o governo Temer de “devastar” a empresa ao equipara-la a uma empresa privada. Certíssimo! Uma estatal que não serve aos interesses do governo de plantão perde a sua razão de existir.
Existem pessoas que genuinamente creem que uma empresa estatal pode ser tão bem gerida quanto qualquer empresa privada. O que o PT e o ministro Marco Aurélio vieram nos recordar é que isso não é possível. Uma estatal deve estar amarrada por uma série de regras que a deixam muito mais ineficiente, mas que, ao mesmo tempo, não impedem a rapinagem, como exaustivamente provado pelo Petrolão.
Temer quis dar um “jeitinho” de privatizar a Petrobras mantendo-a estatal. O PT e o ministro Marco Aurélio corretamente disseram não.
A privatização sem subterfúgios, pra valer, da Petrobras é a única solução definitiva que tirará essa estrovenga das costas dos brasileiros.
Isso aí é o início da entrevista do Zé Dirceu hoje, no Estadão. Sim, roubar para o partido está ok, o que não pode é enriquecer com isso. Tudo muito ético.
Em abril desse ano, foram leiloados 4 imóveis de José Dirceu no valor de R$11 milhões. Patrimônio de um sujeito que só tem o Partido dos Trabalhadores e cargos no governo em seu currículo.
Vai ver que neste “outro mundo possível” o impossível torna-se possível.
De qualquer forma, olhando com a perspectiva privilegiada de saber tudo o que aconteceu, parece-me que um discurso raivosamente anti-PT na boca de Alckmin soaria falso. Por um único motivo: pareceria tática eleitoral e não algo sincero, vital. O povo sente isso.
Quando Doria surpreendeu o mundo político ao citar Lula em seu primeiro discurso como prefeito, estava claro que ali surgia uma potencial candidatura presidencial. Ninguém nunca havia ouvido Alckmin desancar Lula daquele jeito. Um discurso desses às vésperas da eleição soaria tremendamente artificial.
Então, olhando para trás, o erro não foi da campanha de Alckmin. O erro foi do próprio Alckmin e do PSDB, que escolheram o candidato errado. O sentimento era o antipetismo e João Doria era quem mais autenticamente encarnava esse sentimento dentro do partido. Pode ser que não ganhasse a eleição, pois o PSDB seria um peso difícil demais para carregar. Mas não tenho dúvida de que seria um candidato bem mais difícil do que Alckmin.