A Amazônia vale uma coroação

O Reino Unido contribuirá com R$ 500 milhões para o Fundo Amazônia. Na cotação de hoje, isso equivale a cerca de 80 milhões de libras esterlinas.

A coroação do Rei Charles (não confunda com Ray Charles) custará aos cofres dos súditos ingleses entre 50 e 100 milhões de libras esterlinas.

Podemos então afirmar que, para os ingleses, a Amazônia vale uma cerimônia de coroação.

Anotado.

PS.: pelo menos, Lula já fez valer a diária de quase R$ 100 mil que os seus súditos pagaram.

Investidor não leva desaforo para casa

Alguns se revoltam com o fato de que os investidores exigem do Brasil muito mais do que exigem de outros países muito mais endividados. Não deveriam, porque o nosso passado nos condena. Mas, se não reagem da mesma forma, não significa que os investidores não reajam nunca.

É o que estamos vendo na Inglaterra. O anúncio de um corte gigantesco de impostos colocou em cheque a sustentabilidade das contas públicas naquele país. Os investidores reagiram, vendendo a Libra Esterlina como se fosse o Real. A Libra atingiu sua pior cotação em pelo menos 50 anos. Há também, claro, o movimento de aumento das taxas de juros nos EUA, que vem fortalecendo o dólar. Mas o Banco da Inglaterra também está subindo a taxa de juros, que hoje estão no mesmo nível das taxas americanas. E mesmo contra o Real, a Libra se desvalorizou 23% neste ano.

O fato é que os investidores aguentam mais ou menos desaforo, a depender do histórico do devedor e da conjuntura. Mas não aguentam todo e qualquer desaforo. A Inglaterra está sentindo isso na pele agora. O Brasil, é bom lembrar, conta com bem menos tolerância dos investidores.

As mentiras convenientes dos políticos

A Economist traz um artigo (traduzido pelo Estadão) criticando as “mentiras” contadas pelos políticos de todas as colorações. Quando você vai ler, as “mentiras” não passam do que conhecemos como “promessas de campanha”.

Em uma campanha política, cabe aos candidatos inculcar nos eleitores “ideias de esperança” em relação a si próprios e “ideias de medo” em relação aos seus adversários. Quando o PT prometia pleno emprego, ou quando dizia que seus adversários iriam acabar com o bolsa-família, estava obviamente mentindo. Mas eram mentiras dentro do contexto de uma eleição. Cabe aos eleitores discernirem o que é factível daquilo que não passa de promessas delirantes.

Aí é que mora o problema. As pessoas querem ouvir notícias boas e rejeitam ouvir as más notícias, mesmo sendo verdadeiras. Muitas vezes não estão preparadas para a verdade nua e crua dos fatos. No mundo dos investimentos, por exemplo, as pessoas tendem a não gostar quando ouvem que “não tem como gerar esse nível de retorno que você quer”. Essa é a mensagem verdadeira, mas que é rejeitada por muitos investidores, que acabam caindo em arapucas que prometem “muita rentabilidade sem risco”.

Vão longe os tempos em que um Churchill não prometia nada além de “sangue, suor e lágrimas”. Hoje todos os políticos mentem. A sociedade assim o quer.