Pizza em 3 simples passos

Talvez este seja o texto mais claro que li sobre a tese da pizza geral. A pizza é feita em 3 passos:

1) Confundir (propositalmente, pois não admito que uma pessoa inteligente como Bresser Pereira não tenha entendido esse ponto) o modo de doação (caixa 1 ou caixa 2) e o motivo da doação (desinteressada ou como compra de vantagens na administração pública). Para quem quer saber a diferença, sugiro ouvir o depoimento de Marcelo Odebrecht, que explica direitinho, de maneira didática.

2) Afirmar que o crime de que os políticos estão sendo acusados (todos) é de receberem doações ou “presentes” (sim, Bresser-Pereira usa o termo “presente”) via caixa 2.

3) Afirmar que a Lava-Jato somente vai condenar porque a lei (?!?) considera o caixa 2 como crime, quando, na verdade, trata-se dos usos e costumes do brasileiro (você é empresário ou profissional liberal? Tente fazer ou receber pagamentos por fora, e depois explicar para a Receita que se trata de “usos e costumes”).

Pronto! Agora é só levar ao forno, deixar por 50 minutos, e servir!


O acordo necessário (por Luiz Carlos Bresser-Pereira)

O indiciamento de mais 120 políticos, inclusive Fernando Henrique e Lula, mostra que a Operação Laja Jato tende a destruir toda a classe política brasileira. Muitos dirão que isto é “ótimo”, porque os políticos brasileiros são “todos”, ou “praticamente todos”, corruptos. E porque não há dificuldade em substituí-los. Mas estas duas crenças são falsas.

Primeiro, não é verdade que os políticos possam ser facilmente substituídos. Seria bom que muitos o fossem, mas será péssimo que os melhores políticos brasileiros, independentemente de sua cor ideológica, sejam desmoralizados e excluídos da vida pública. A profissão política é a mais importante das profissões, porque são os políticos que fazem as leis e conduzem o Estado; porque são eles que governam. Não se fazem políticos de um dia para outro. Um dia destes vi a entrevista de uma página inteira na Folha de um homem de televisão muito bem-sucedido, sr. Huck, que dizia que estava na hora de pessoas de sua geração assumirem o poder. Concordei com a afirmação, que estava no título, e decidi ler a entrevista. Uma coisa patética. Não havia uma ideia sobre o Brasil; uma ideia sobre o mundo. Apenas autoelogios e considerações vazias sobre a hora de sua geração.

Segundo, não é verdade que todos os políticos são corruptos. Pelo contrário, estou convencido que a grande maioria é honesta, inclusive alguns políticos já condenados pelo Mensalão, como José Genoíno (que conheço bem e admiro) e João Paulo Silva (que não conheço). Agora, no quadro do Lava Jato, é ridículo afirmar que políticos como Fernando Henrique, Lula, e Alckmin são corruptos. E, no entanto, o Judiciário, aplicando a lei, tende a também condená-los.

Por que condenar inocentes? Porque, segundo a lei, o ato receber doações para campanha ou como presente, sem oferecer em troca obra ou emenda – não sendo, portanto, propina –, é, não obstante, ilegal e pode ser entendido como corrupção. Mas não é, não é crime, porque a prática de se receberam doações e presentes sem que o político e a empresa fizessem o devido registro do fato fazia parte dos usos e costumes do país. A partir do Lava Jato e do susto que está causando nos políticos, não fará mais. E será preciso definir um limite para o valor dos presentes, como acontece em outros países. Mas não faz sentido agir retroativamente, considerar políticos eminentes como corruptos, e condená-los.

A imprensa hoje informou que os principais políticos dos principais partidos brasileiros estão se organizando para enfrentar o problema. Isto é mais do que necessário. A solução é a anistia do caixa 2 e regulamentar os presentes. É dar ao Judiciário uma lei que lhe permita não causar uma violência contra o Brasil.

Seria folclórico se não fosse trágico

O que os “intelectuais e artistas” propõem para nos tirar do buraco em que o modelo clepto-desenvolvimentista nos meteu? A mesmíssima fórmula que nos meteu nesse buraco.

Seria folclórico se não fosse trágico. Este texto é a sinopse da desgraça do Brasil e dos hermanos latino-americanos. Nada sintetiza tão bem a obtusidade ideológica que nos trouxe até aqui. A demonização dos rentistas combinado com o desejo de que haja investimentos privados, a convivência de taxas de juros baixas com câmbio desvalorizado na medida certa, e mais um sem-fim de baboseiras e incongruências anacrônicas, que somente colocam a nu o viés ideológico ou a desonestidade intelectual dos signatários.

A maior recessão da história não foi suficiente pra esse pessoal. Eles somente descansarão quando o Brasil tornar-se uma imensa Venezuela.

O próximo presidente da República

Nenhum nome da lista do Fachin tem condições de chegar à presidência da república em 2018.

Tomando essa premissa como verdadeira, o próximo presidente está entre os seguintes nomes (em ordem alfabética):

Ciro Gomes

Henrique Meirelles

Jair Bolsonaro

João Doria

Joaquim Barbosa

Marina Silva

Ronaldo Caiado

Já vai se acostumando com a ideia.

Aventura irresponsável

Este documento já virou histórico, é para ouvir e guardar.

Mas queria chamar a atenção para o que vai de 1h10 a mais ou menos 1h25 do depoimento, quando MO descreve a saga das sondas da Petrobras e a constituição da Sete Brasil. É, sem dúvida, um dos maiores testemunhos do que acontece quando os destinos de um país são entregues a obtusos ideológicos.

MO descreve como Dilma queria porque queria que as sondas para exploração do pré-sal fossem construídas no Brasil, e com conteúdo nacional. Os coreanos são, de longe, os mais eficientes construtores deste tipo de equipamento, mas Dilma propôs compensar a nossa falta de eficiência com capital subsidiado. MO perguntou várias vezes a vários acionistas da Sete Brasil como aquela conta fechava. Como se viu, não fechava.

Por um lado, Dilma e o PT aumentam o custo Brasil ao defender uma legislação trabalhista retrógrada. De outro, subsidiam o capital para os grandes grupos empresariais, tirando dinheiro de outras necessidades urgentes, como educação e saúde. Assim, posam de defensores dos trabalhadores, quando, com a outra mão, tiram dinheiro desses mesmos trabalhadores para alimentar delírios desenvolvimentistas.

A roubalheira revelada por MO é grave. Mas é apenas uma fração do que o país perdeu com essas aventuras irresponsáveis.

Métodos pré-históricos

Overbooking é um risco calculado assumido pelas companhias aéreas. A prática é justificável do ponto de vista de gestão da ocupação das aeronaves, pois há um número considerável de cancelamentos e mudanças de voos.

A forma de mercado de lidar com o overbooking é a realização de um leilão: oferecer descontos em próxima passagem ou mesmo reembolso em dinheiro para voluntários a desistirem do voo. Em determinado nível de reembolso, algum voluntário aparecerá, com certeza.

A United, que utiliza mecanismos de mercado quando se trata de overbooking, resolveu usar métodos pré-históricos para lidar com seus efeitos secundários.

Decepção

Doria no Roda Viva.

De maneira geral, muito bom, escapou bem das cascas de banana.

O único senão foi a resposta com relação ao Uber. “Precisa ter igualdade de condições com os táxis”. Ou seja, vai se tornar um serviço mais caro. Decepção.

Parabéns, Temer!

O ENEM não vai mais publicar a média da nota por escola.

O que vai acontecer?

1. Vazamentos. A nota continua existindo, só não vai ser divulgada “oficialmente”.

2. Cada escola vai divulgar a “sua” média, sem um auditor externo, que era o próprio ENEM.

3. As escolas medíocres poderão continuar em sua mediocridade sem serem mais incomodadas.

Parabéns governo Temer, por desmontar uma das raras iniciativas positivas do governo do PT.

O sentimento anti-PT

Ambulante no trem da CPTM.

Não entendi direito porque ele começou uma conversa com uma passageira (depois de oferecer amendoim bolinha e twix “1 por 2, 2 por 3”). Talvez porque ela estivesse com algum símbolo do PT, mas não consegui ver.

O papo era o seguinte:

“Foge desse pessoal do PT. Conheço bem. PT, PCdoB, CUT. Você vira massa de manobra. Vai lá na manifestação, apanha da polícia, enquanto o Lula tá lá no triplex dele em São Bernardo. Eu já disse pra minha mulher, não quero bolsa de nada, prefiro trabalhar, ganhar meu próprio dinheiro. Já fui militante do PT, trabalhei em 4 eleições, conheço esse pessoal. Mataram o Celso Daniel. Foge.”

Ambulante no trem da CPTM.

Alguma dúvida de porque Doria vai ser presidente do Brasil?

Diálogo inédito

O PSDB passou os últimos 30 anos apanhando do PT, inclusive através de estudos fajutos dessa tal fundação Perseu Abramo.

Agora, que o PT está na lona e prestes a desaparecer do mapa eleitoral, os tucanos vão alegremente discutir “o futuro do país” com os petistas. Como se pudesse haver algum diálogo honesto com petistas.

O PSDB merece sumir do mapa junto com o PT.

Discurso hegemônico

“Para os entrevistados […] todos são ‘vítimas’ do Estado que cobra impostos excessivos, impõe entraves burocráticos, gerencia mal o crescimento econômico e acaba por limitar ou “sufocar” a atividade das empresas.”

Trecho do estudo da Fundação Perseu Abramo, em que este instituto do PT “descobriu” o que pensa o cidadão da periferia de São Paulo. Segundo a Fundação, este pensamento é fruto do “discurso hegemônico da mídia e das elites”.

A julgar pela votação do PT ontem, inviabilizando os aplicativos de transporte individual, o tal do “discurso hegemônico” tem algum respaldo na realidade.