A vontade do Fuhrer

Deputados petistas ouviram do presidente do TRF-4, a quem fizeram uma “visita de cortesia”, que juízes do tribunal estão sendo ameaçados e alguns, inclusive, retiraram suas famílias da cidade. Os deputados petistas garantiram que não há qualquer orientação nesse sentido. Bem, só faltava admitirem que houve!

Essa situação me faz lembrar um traço da Alemanha hitlerista muito bem descrita por Ian Kershaw em sua monumental biografia de Hitler.

Kershaw, em vários pontos do livro, chama a atenção para o fato de que não há uma ligação clara entre Hitler e certas iniciativas de seus auxiliares da SS. Não se encontra uma ordem expressa para a “Noite dos Cristais”, por exemplo. Mas Kershaw define um conceito que perpassa essas ações: “cumprir a vontade do Führer”. Os auxiliares estavam sempre prontos a interpretar a vontade de Hitler através das entrelinhas de seus discursos, de seus gestos, das suas palavras casuais. Não era necessária uma ordem expressa e direta, bastava o “clima”. E a não condenação posterior de Hitler aos atos de seus auxiliares era vista como uma aprovação, como tinha de ser.

Normalmente não gosto de argumentos ‘reductio ad hitlerum’ pois geralmente supersimplificam de maneira grosseira a discussão, mas neste caso não resisti. O PT não precisa orientar ações de terrorismo desse tipo. Basta o clima de confronto institucional criado por Lula e seu partido para que a “vontade do partido” seja interpretada por seus militantes.

Há bandidos em todos os partidos. O que diferencia o PT, no entanto, é o confronto aos operadores da justiça, minando os fundamentos mesmos da democracia. Fica claro que, se o partido pudesse, transformaria isso aqui em uma grande Venezuela.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.