Tenho lido de analistas ainda confusos com o que aconteceu em Cingapura que o grande vencedor do encontro foi o gordinho coreano.
Kim Jong-Un teria sido alçado por Trump a estadista mundial. Trump, por outro lado, estaria desesperado por um acordo (qualquer acordo) que compensasse seus supostos fracassos na arena global, o último deles na cúpula do G7.
O que me faz espécie nesse tipo de análise é a premissa subliminar de que, em uma negociação, um lado sempre sai perdendo. Ou, por outra, que a vantagem de um dos lados sempre se dá às custas da derrota do outro. Ora, como Kim foi o grande vitorioso, então Trump saiu diminuído do encontro.
Essa premissa é bem característica de quem vê no comércio algo vil, sujo. Para essas pessoas, o comércio é sinônimo de expropriação: um lado está sempre levando vantagem sobre o outro. Não se trata de uma troca entre homens livres em busca de seus próprios interesses. Alguém sempre estará sendo enganado.Nessa linha, a privatização vira “entrega” das empresas estatais e empresários viram exploradores da mais-valia.Trump e Kim Jong-Un têm seus próprios interesses e ambos foram vitoriosos à sua maneira. São comerciantes, que viram a oportunidade de uma relação ganha-ganha. Qual exatamente o problema com isso?