Não há uma mísera evidência empírica de que distribuir renda gera crescimento econômico.
A falácia aqui é a seguinte, nas palavras do presidiário de Curitiba: “Eles precisam aprendê que dando dinheiro nas mão dos pobre, os pobre vão gasta e fazê gira a roda da economia” (lê-se com a língua entre os dentes).
Digamos que, da noite para o dia, como num passe de mágica, todos os brasileiros tivessem a mesma renda. O que aconteceria? Os mais pobres teriam a sua renda multiplicada por 2, 5, 10 vezes, a depender do nível de pobreza. Esses pobres começariam a consumir produtos e serviços a que não tinham acesso antes de terem ficado ricos. As empresas que produzem esses produtos e serviços se dariam bem. Essa é a parte boa.
E o que aconteceria com os mais ricos? Teriam sua renda cortada em 10%, 20%, 50%, até 99,9999% no caso dos bilionários. Estes comprariam os mesmos produtos e serviços que os mais pobres estão comprando agora. Afinal, todos têm a mesma renda! As empresas que produzem produtos e serviços para os mais ricos se dariam mal. Esta é a parte ruim.
Por enquanto, uma minoria de empresas e pessoas perderam, uma maioria de empresas e pessoas ganharam. Sounds good. Inclusive porque o consumo total aumenta muito, dado que aquele dinheiro guardado pelos mais ricos está agora nas mãos dos mais pobres, fazendo a economia girar e não mais fazendo a alegria dos bancos. Como algo assim pode ser ruim?
Pois é. Como sempre, o problema está nas consequências não intencionais. Os mais ricos são os responsáveis pela poupança do país. Ao terem sua renda cortada, não conseguem mais poupar. Viraram pobres remediados, que vivem da mão para a boca. Sem poupança não há investimento. Sem investimento não há aumento da produção. Com o aumento da demanda e sem aumento da produção, adivinha o que acontece? Isso mesmo, inflação, que come a renda de todo mundo. Terminamos em um ponto pior que o inicial. Onde está o crescimento prometido? O gato comeu.
Isso sem contar que são os mais ricos que financiam a dívida pública. Então, sem a poupança dos mais ricos, o Estado seria obrigado a viver dentro de suas possibilidades. O teto de gastos seria um passeio no parque perto disso.
Claro, sempre sobra a possibilidade de que o Estado substitua os mais ricos no fornecimento do funding para investimentos, com sua reconhecida expertise técnica e blindagem contra critérios políticos e corrupção.
Ok, esqueça.
Mas você não precisa dar crédito a este raciocínio tosco. Basta ver o exemplo dos países mais bem sucedidos em distribuir renda na marra: Cuba, Coreia do Norte, Venezuela. Sim, amiguinho, funciona mesmo.