Vamos tentar um projeto de País diferente, só para variar?

Onde se lê “Bolsonaro não tem um projeto para o País” leia-se “Bolsonaro tem um projeto para o País que não é do meu agrado”.

Vamos ser justos: na entrevista, Luciano Huck diz que não viu “projeto de País” nos programas de nenhum dos candidatos, não somente no de Bolsonaro. Pena que Huck não nos tenha dado a chance de votar em um verdadeiro “projeto de País”, pois afinou e fugiu da briga. Talvez porque tenha pensado que o País ainda não estivesse preparado para o seu grandioso “projeto de País”.

Na entrevista, Huck deixa claro o principal ponto de um “projeto de Pais” digno do nome: diminuir a desigualdade. Afinal, ele se orgulha de ter viajado pelo País nos últimos 19 anos, e viu muito disso por aí. Como se precisasse. Qualquer cidadão das grandes cidades tropeça em moradores de rua e a realidade das favelas fere os olhos dos brasileiros. Mas não, somente Huck tem a verdadeira noção do que é a desigualdade. Como podemos abrir mão de toda essa experiência?

Em determinado momento, Huck deixa claro qual é o seu projeto: “Acho super legal as iniciativas do terceiro setor e de filantropia. Por outro lado, só quem vai ter o poder, de fato, de reduzir a desigualdade, é o Estado”. Está aí o “projeto de País” de Luciano Huck: transformar o Estado brasileiro em uma grande agência filantrópica!

Huck fala como se nunca no Brasil tivesse havido algum projeto de redução de desigualdades. Desde 1994, fomos governados por presidentes inegavelmente preocupados com esse tópico. FHC é um dos grandes ídolos de Huck, o governo Lula mereceu elogios na entrevista por ter patrocinado “políticas sociais” e Dilma, bem, ninguém aqui vai duvidar das credenciais sociais de Dilma. Pois bem, foram mais de 20 anos de governos “preocupados com a desigualdade social”. Resultado? Explosão da dívida pública, da violência e uma desigualdade que agride almas sensíveis como a de Luciano.

Em 1994, a Coreia do Sul tinha uma renda per capita 36% maior que a brasileira. Hoje, a renda per capita do país asiático é 157% maior. Lá, os mais pobres estão em muito melhores condições que os mais pobres daqui. Não perca o seu tempo perguntando se no “projeto de País” da Coreia havia algo como “reduzir as desigualdades”. Não, Bolsonaro não tem o projeto de País de FHC, Lula, Dilma e Huck. Seu projeto, assim como foi o de Temer, é, primeiro, limpar a merda deixada pelos projetos de “redução de desigualdades” dos governos anteriores. Em seguida, aumentar a produtividade do País, de modo a retirá-lo da armadilha de eterno país de renda média. E isso só se consegue, em um país democrático, retirando o Estado da atividade econômica, não o inverso. Se a este projeto se der o mesmo tempo que se deu ao projeto de “Estado filantropo”, quem sabe daqui a 20 anos os mais pobres estejam em melhores condições do que hoje.

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