Dois objetivos

Bruno Covas quer ferrar ainda mais o trânsito da cidade e, ao mesmo tempo, criar uma nova cracolândia.

Ele tem dois objetivos: o primeiro é agradar a esquerda caviar da Vila Madalena. O segundo é ficar fora do 2o turno da eleição para a prefeitura em 2020.

O dinheiro é do contribuinte

Este é um trecho de uma entrevista com o novo secretário para assuntos fundiários, Luiz Antônio Nabhan Garcia.

Que esse novo governo é contra o MST não é novidade. O que me chamou a atenção, no entanto, foi o foco no “dinheiro do contribuinte”.

Estamos acostumados a pensar no Estado como um ente divino, que sempre existiu e existirá para sempre, e que tem o poder de dominar nossas vidas. O governo, que representa o Estado, atua em nome deste para ditar as regras sob as quais vivem os cidadãos. Daí vem o complexo de “otoridade”, em que os representantes do governo, tais quais sacerdotes do Deus-Estado, não admitem desafios à sua “otoridade”. Você, que não faz parte da casta sacerdotal, que fique aí na sua irrelevância, pagando o dízimo para sustentar o governo. Daí também nasce o complexo da “dependência”. O cidadão espera que seus problemas sejam resolvidos pelo Deus-Estado. Sempre e em tudo, o governo “precisa fazer alguma coisa”.

O novo secretário, ao reduzir o problema do MST a um “deboche com o dinheiro do contribuinte”, vira de ponta cabeça essa lógica. Somos os cidadãos os chefes do governo. O Estado é uma construção humana a serviço da sociedade, não o inverso. Somos nós, os contribuintes, que somos os patrões. O MST não é um interlocutor legítimo não porque eu, sacerdote do Estado, tenho essa opinião, uma espécie de dogma. Não vamos conversar com o MST porque sequer tem um CNPJ, e isso é um deboche com o dinheiro público.

Somente quando os representantes eleitos, os funcionários públicos e os cidadãos tiverem essa mentalidade, o Brasil começará a mudar de verdade.

Conversa pra militar dormir

Fosse eu deputado, estaria fazendo a mesma coisa. Muito esquisito esse negócio de enviar a previdência dos militares “daqui a 30 dias”.

“Ah, mas é que não deu tempo”.

Conversa pra boi dormir. Dava muito bem para ter destacado mais um grupo técnico para trabalhar na proposta. E, veja só, justo a previdência dos militares ficou de fora pelo “excesso de trabalho”. Que coincidência!

O que deve ter acontecido é que não chegaram a um acordo. Ou seja, os militares têm a prerrogativa de negociarem sua própria previdência antes mesmo dos deputados.

A propaganda do governo diz que a Nova Previdência é para todos. O que os deputados estão dizendo é que esse “para todos” não pode ser um slogan vazio.

A voz dos “especialistas”

O Valor foi consultar “especialistas” em Previdência.

Aí você vai ver, e são o ex-ministro da Presidência do Lula e da Dilma (aquele que andava na garupa da ex) e o presidente do DIEESE.

Claro que o jornal pode ouvir e publicar as bobagens do PT. Faz parte.

Agora, dar uma roupagem “científica” ao que não passa de luta política, isso é alquimia jornalística.

Parabéns, Valor, por mais esse desserviço prestado.

O Brasil está lascado!

“Mais lascados do que estamos, impossível”, diz o funcionário público de farda.

Vou perguntar pro sem teto que mora aqui na rua de casa, no coração de Pinheiros, se é possível estar mais lascado, e já volto.

O drama da empresa brasileira

São muitas histórias tristes por trás do fechamento da fábrica da Ford. É a mãe que paga a faculdade das filhas porque o marido, caminhoneiro, teve o seu caminhão roubado. É o pai do filho autista, que depende do convênio médico da empresa para o tratamento do filho. Sim, os dramas pessoais são imensos.

Assim como são os dramas dos quase 12 milhões de desempregados brasileiros, que caminham feito zumbis em busca de um trabalho. 12 milhões que não têm a sorte dos empregados da Ford, cujo caso mobiliza um batalhão de políticos em busca de uma “solução negociada” (leia-se, subsídios).

O prefeito de São Bernardo entrou com uma ação no Ministério Público do Trabalho, exigindo “esclarecimentos” da empresa. Ora, a Ford não tem “obrigação” de criar empregos. A companhia tomou uma decisão empresarial: cansou de queimar dinheiro do acionista em uma operação que perdeu mais de R$ 4 bilhões nos últimos 3 anos. Os dramas pessoais são duros, mas a conta não deveria cair nas costas da empresa.

A Ford, assim como milhares de empresas de todo Brasil, responsáveis pela demissão de milhões de pessoas, tem dificuldade de lidar com o sistema tributário mais insano do mundo, que serve para sustentar uma casta de funcionários públicos que não podem ser demitidos nem ter seus salários diminuídos e uma corja de políticos que buscam se promover nas costas das desgraças da população. Não conseguem lidar com uma justiça do trabalho surreal, onde qualquer “juiz do trabalho” (outra excrescência brasileira) pode colocar por terra qualquer negócio.

Claro, podem existir incompetência do empresário, uma mudança significativa de mercado, uma recessão, que explicam o fim de uma empresa. Isso faz parte do jogo e empresas fecham no mundo inteiro. Mas a dificuldade de se fazer negócios no Brasil sem dúvida joga um papel fundamental na mortalidade das empresas e, por consequência, na destruição de empregos.

O empresário brasileiro, aquele que cria os empregos, é um sujeito de fé. Acredita que mesmo com as bolas de ferro da carga tributária, da justiça trabalhista e da burocracia, ainda assim vai conseguir gerar valor para o acionista. Muitos ficam pelo caminho, deixando um rastro de milhões de desempregados. A Ford é só a ponta do iceberg.

Os amigos do rei

Há alguns dias postei um conjunto de notícias mostrando que o agribusiness sobrevive de subsídios governamentais.

Agora “descobrimos” que a indústria automobilística só sobrevive no Brasil também com base em subsídios.

O governo tem seus motivos para manter setores inteiros sobrevivendo na base de subsídios, pagos com o dinheiro dos impostos. Desde a preservação de empregos “de qualidade” até o troca-troca de votos no Congresso, passando por uma etérea “dinamização da economia”, o que quer que isso signifique.

Não sou contra a que se baixem impostos. Mas que seja para todos, horizontalmente e não para um punhado de eleitos. Por que a agricultura ou a indústria automobilística pagam menos imposto, enquanto o seu Zé paga mais no seu bar?

A dura realidade é que falta dinheiro para manter hospitais, fazer saneamento básico e investir no ensino básico. Não tem “bancada da saúde pública” ou “bancada do saneamento”. A verdade é que o orçamento da União é destinado a quem tem o lobby mais influente, e é usado para manter vivas atividades econômicas que destroem valor. Sim, porque se uma atividade econômica só consegue gerar lucros na base do subsídio, está, no final do dia, destruindo valor.

O “crony capitalism” ou “capitalismo de compadres” é tudo, menos capitalismo.