Se não me engano era 2001. Silvio Santos havia sido feito refém em sua própria mansão no Morumbi. O então governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, havia participado pessoalmente das negociações com os bandidos.
Em uma entrevista coletiva, um dos jornalistas fez a clássica pergunta: no meio de tanta violência, com tanta gente sendo sequestrada dia e noite, por que o tratamento especial para Silvio Santos? Ao que Alckmin respondeu, desnudando a hipocrisia da pergunta: se ele não fosse especial, os senhores não estariam aqui fazendo essa coletiva.
Há pessoas especiais no mundo. Lula é uma delas. Nada do que acontece com ele passa despercebido. Houve quem criticasse o forte esquema de segurança que o acompanhou para o velório do neto (desperdício de dinheiro público!), mas não havia outro jeito para que se cumprisse um direito seu. Ele é especial, e merece medidas especiais.
Somente no mundo socialista perfeito, aquele que só existe na cabeça dos desmiolados, todos os homens são iguais. No mundo real, os homens são iguais em sua dignidade de seres humanos, mas diferentes em sua importância para o mundo. É daí que nascem as diferenças de riqueza e tratamento, aquilo que costumamos chamar de “meritocracia”.
Lula é um sujeito que, com base em seus méritos, tem mais importância do que todos os outros brasileiros. Nenhum outro brasileiro, hoje, desperta tanto amor e ódio. Isso não tem nada a ver com sua inocência ou culpa, nada a ver com o bem ou com o mal que fez. É assim porque é assim.
Sim, Lula fez por merecer o tratamento especial que recebe. É mérito dele.