A construção da base parlamentar

Quando aqui critiquei a postura de Janaína Paschoal em sua derrota acachapante para Cauê Macris pela presidência da Assembleia Legislativa de São Paulo, muitos responderam que, se era para compactuar com a “velha política”, foi melhor ter perdido mesmo.

O que precisa ser entendido de uma vez por todas é que não existe “velha política” e “nova política”. O que existe é “política” e “caso de polícia”. Quando o governo Bolsonaro se recusa a fazer política, está implicitamente chamando todos os políticos de bandidos. Pois se não é política, só pode ser caso de polícia.

É isso o que Rodrigo Maia praticamente desenha para Bolsonaro em entrevista de hoje no Estadão. Destaquei o trecho abaixo porque me parece sintetizar a ideia central, mas a entrevista toda deveria ser lida e meditada pelo presidente e sua entourage.

– Ah, mas Maia é o Botafogo da planilha da Odebrecht, é bandido também, é o número 1 na fila para achacar o governo.

Se Maia tiver contas a prestar à justiça, ele as prestará, como provam as prisões de Lula, Temer e do seu sogro Moreira Franco. Por enquanto ele é o presidente da Câmara, da qual Bolsonaro depende se não quiser que seu governo termine antes mesmo de ter começado.

Política é diálogo e compartilhamento de espaços de poder de modo a formar consensos. Há muito espaço para o diálogo antes de se entrar na seara policial. Para o bem do Brasil, é bom que Bolsonaro entenda isso antes que seja tarde demais.

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