Geralmente, as coisas mais importantes ocorrem fora dos holofotes.
Quando todas as atenções estão voltadas para a reforma da Previdência, a Câmara aprovou (seria mais adequado dizer “não bloqueou”) uma mudança importantíssima na relação entre o BC e o Tesouro.
Para entender rapidamente: quando o BC tem lucro em suas operações, transfere esse lucro para o Tesouro em dinheiro. Quando tem prejuízo, o Tesouro transfere títulos públicos para o BC. Como já disse Gustavo Franco, o BC paga em dinheiro e o Tesouro dá o troco em balinhas.
O resultado disso é que o BC tem um estoque gigante de títulos públicos em seu balanço, na prática financiando o Tesouro.
Por que isso é importante? Porque fecha mais um canal de financiamento espúrio do Tesouro. No limite, o Tesouro faz dívida com um banco controlado pelo própria União, em uma espécie de auto-financiamento.
O Tesouro deve se financiar com impostos e dívidas junto à iniciativa privada. Qualquer outra “mágica contábil” costuma não acabar bem.