O relator está mudando o texto da reforma da Previdência, de modo a diminuir para 57 anos a idade mínima para que professoras se aposentem com o salário integral e tenham paridade com os professores da ativa. O texto original falava em 60 anos.
Que me desculpem professores e professoras, mas este dispositivo vai na contramão de uma educação melhor para nossas crianças. Isso, independentemente da idade estabelecida.
O problema reside no mecanismo. Com integralidade e paridade, o sistema público continuará tirando recursos dos professores da ativa para dar aos professores aposentados. Ou seja, os Estados e Municípios continuarão a ter menos recursos para pagar salários decentes aos professores da ativa. A coisa fica menos pior com o estabelecimento de uma idade mínima, mas o conceito continua torto.
O incentivo é perverso: esse esquema atrai profissionais que topam ganhar uma miséria no presente, em troca de ter uma aposentadoria muito acima do que recebem os outros mortais. Ou seja, os professores entram na carreira sonhando com o dia em que deixarão de dar aula. Como pode isso funcionar?
Deveria ser o inverso: aposentadorias alinhadas com o restante da população, e o compromisso de usar o dinheiro poupado (seria uma espécie de “fundo para a educação”) para aumentar os salários dos professores da ativa. Dessa forma, atrair-se-iam quadros dispostos a ganhar mais hoje, e não na longínqua aposentadoria.