A saga dos mortos-vivos

Estatais no Brasil são como baratas: para matá-las, precisa pisar umas 10 vezes e se certificar de que estão mortas. Caso contrário, levantam-se e saem andando por aí.

O sistema Telebras foi privatizado em 1998, mas a holding não foi liquidada. Ficou lá, “morta” no chão. Até que, em 2010, saiu andando, com a missão de “gerir” o Plano Nacional de Banda Larga.

Bem, a Telebras já acumula prejuízo de R$ 1,4 bi desde a sua ressurreição, tendo recebido aportes da União de R$ 1,9 bi nesse período. Estão aí mais 2 bi para os que querem fazer uma “auditoria da dívida pública”.

Em 2018, a empresa faturou R$200 milhões e teve despesa de pessoal, entre contratados e terceirizados, de R$ 143 milhões. Considerando os outros custos, o prejuízo operacional foi de R$ 63 milhões. Considerando depreciações e custos financeiros, o prejuízo final foi de R$ 225 milhões. Foi o 3o ano seguido de prejuízo acima de R$200 milhões.

Agora, o governo quer submeter a empresa ao regime das estatais “dependentes do Tesouro”, o que significa que os salários dos seus quase 400 funcionários deverão se submeter às regras do restante do funcionalismo público. A direção da empresa já avisou que vai lutar para evitar esse movimento.

Deve haver um bom motivo para que a Telebras exista até hoje. Deve haver.

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