What a surprise!
“Vai reduzir a autonomia universitária”, dizem os luminares que querem o dinheiro do contribuinte sem precisar prestar contas a ninguém.
Não tem jeito mesmo, o caso é de passar uma motoniveladora e salgar o lugar depois.
Apenas um repositório de ideias aleatórias
What a surprise!
“Vai reduzir a autonomia universitária”, dizem os luminares que querem o dinheiro do contribuinte sem precisar prestar contas a ninguém.
Não tem jeito mesmo, o caso é de passar uma motoniveladora e salgar o lugar depois.
“Extrema-direita” já não é suficiente para adjetivar um partido de direita. À direita da extrema-direita temos a “ultradireita”.
Na medida em que o espectro político vai caminhando mais para a direita, os jornalistas vão precisar de outros prefixos. Vão aqui algumas sugestões:
Megadireita
Hiperdireita
Gigadireita
Arquidireita
Ultramegablasterdireita
Não custa lembrar que o termo “extrema-esquerda” é usado somente para grupos terroristas. Partidos políticos que jogam o jogo político democrático são de “centro-esquerda” ou simplesmente “esquerda”. PSOL, PSTU, PCdoB, são todos partidos de “esquerda”, nunca “extrema-esquerda”. “Ultraesquerda”, então, nem pensar.
As ideias dominam o mundo. A linguagem molda as ideias.
Estatais no Brasil são como baratas: para matá-las, precisa pisar umas 10 vezes e se certificar de que estão mortas. Caso contrário, levantam-se e saem andando por aí.
O sistema Telebras foi privatizado em 1998, mas a holding não foi liquidada. Ficou lá, “morta” no chão. Até que, em 2010, saiu andando, com a missão de “gerir” o Plano Nacional de Banda Larga.
Bem, a Telebras já acumula prejuízo de R$ 1,4 bi desde a sua ressurreição, tendo recebido aportes da União de R$ 1,9 bi nesse período. Estão aí mais 2 bi para os que querem fazer uma “auditoria da dívida pública”.
Em 2018, a empresa faturou R$200 milhões e teve despesa de pessoal, entre contratados e terceirizados, de R$ 143 milhões. Considerando os outros custos, o prejuízo operacional foi de R$ 63 milhões. Considerando depreciações e custos financeiros, o prejuízo final foi de R$ 225 milhões. Foi o 3o ano seguido de prejuízo acima de R$200 milhões.
Agora, o governo quer submeter a empresa ao regime das estatais “dependentes do Tesouro”, o que significa que os salários dos seus quase 400 funcionários deverão se submeter às regras do restante do funcionalismo público. A direção da empresa já avisou que vai lutar para evitar esse movimento.
Deve haver um bom motivo para que a Telebras exista até hoje. Deve haver.
Destaquei dois trechos do jornal de hoje: o primeiro é uma fala de Bolsonaro, afirmando com todas as letras que o pacote anticorrupção fica pra depois. O segundo é um trecho de um artigo de Fernando Gabeira, analisando o episódio COAF.
Lidar com prioridades é tarefa de qualquer presidente. Compor com o Congresso para aprovar primeiro o mais importante é o mais racional a se fazer. Até aí, tudo certo. (Se bem que sou capaz de apostar que, em um censo nas hostes bolsonaristas, a luta contra a corrupção ganharia de lavada contra a agenda econômica em termos de prioridade. Mas isso é detalhe).
Entretanto, seria somente uma administração de prioridades não fosse por um detalhe chamado Flávio Bolsonaro. O cerco ao COAF, peça fundamental na estratégia de Moro de combate à corrupção, tem o beneplácito do Planalto, que se junta ao Congresso e ao Supremo na demolição de um dos pilares da Lava-Jato. E tudo isso porque o 01 não quer que suas movimentações financeiras sirvam como prova em um processo.
COAF cercado, Moro em banho-maria. Senhores, é triste, mas a Lava-Jato acabou.
Já imaginou a Reforma da Previdência depender da boa vontade de Renan Calheiros?
TST determina que trabalho intermitente vale para qualquer tipo de trabalho. Esta é a lei, segundo o relator do caso, o ministro Ives Gandra Martins Filho.
Em seu voto, Ives Gandra apoda de “ideológica” a decisão de instâncias inferiores, que viram no trabalho intermitente uma “precarização” dos “direitos do trabalhador”.
O Brasil deve muito ao ministro Ives Gandra.
.
.
.
A piada era essa. Podem voltar ao trabalho.
Tudo no Brasil é feito pra privar o brasileiro de ter um momento de felicidade.
Marisa Moreira Sales, esposa do banqueiro Pedro Moreira Sales (uma das famílias mais ricas do Brasil) e outros dois endinheirados, cometem artigo hoje no Estadão defendendo o direito de “ocupação”.
Segundo o contorcionismo semântico tentado pelo trio, “ocupação” não é o mesmo que “invasão”. A “ocupação”, ao contrário da “invasão”, seria legítima, pois o imóvel não estaria cumprindo a sua “função social”. Há pelo três problemas com essa “definição”:
1) Sob esse rótulo de “função social” cabe um mundo. Não tenho dúvida de que D. Marisa usufrui como moradia de mais metros quadrados do que a imensa maioria dos brasileiros jamais sequer sonhariam. Alguém poderia dizer que o apartamento de D. Marisa, ou a casa de campo de D. Marisa ou a casa de praia de D. Marisa não estão cumprindo a sua “função social”. Aliás, no limite, alguém poderia dizer que o mais justo seria redividir todos os espaços de moradia igualmente entre os cidadãos. E aí?
2) Uma vez determinado o critério de “função social”, QUEM determina se tal e qual imóvel está ou não cumprindo o critério? Os tais “movimentos sociais” se auto-revestiram com o poder de determinar os imoveis que cumprem ou não a suposta “função social”. Por que eles e não o Estado através de seus representantes? Grupos privados que se apropriam de coisas de terceiros têm nome. E não é movimento social.
3) São milhões os que vivem em condições precárias por esse Brasilzão afora. Qual o critério para determinar que aquelas dezenas de pessoas da “ocupação” têm direito à moradia digna, deixando na chuva os outros milhões? Só tem um critério possível: a força bruta. Assim como o Estado protege a propriedade privada através do uso da força policial baseada na lei, a manutenção dessas ocupações só pode se dar através do uso da força. No entanto, como a “ocupação” não está baseada em lei alguma, só resta a lei do mais forte, a lei da selva.
Carmen, citada no artigo, está foragida. Ela é a criadora do MSTC – Movimento dos Sem-Teto do Centro. Sua filha está presa, aguardando julgamento. Denúncias anônimas dão conta de que havia cobrança de mensalidade (achaque) por parte dos coordenadores do movimento. D. Marisa e seus amigos endinheirados acham isso natural. Afinal, o dinheiro era usado para a “comunidade”, inclusive com acesso a “aulas de música e inglês”. Só faltou a capoeira. Dane-se se os moradores não estão interessados em ter aulas de música ou inglês. Têm que pagar do mesmo jeito.
Óbvio que a manutenção de qualquer edifício requer dinheiro, isso não se discute. O ponto aqui é o direito que algumas pessoas se auto-atribuem de organizar uma “ocupação” e cobrar por isso. A prática não se diferencia muito do que praticam os grileiros de terras.
Lula escreveu uma carta em apoio a Carmen e sua filha (veja abaixo).
Diz o presidiário de Curitiba que, assim como ele, ela estaria sendo perseguida por “lutar por uma sociedade mais justa”. Só este apoio e esta retórica já dizem muito sobre o “movimento”. Inclusive porque Carmen e sua filha não moravam na “ocupação”. Usavam o dinheiro dos moradores para alugar um imóvel na Bela Vista. Afinal, quem “luta por uma sociedade mais justa” merece um apartamento na Bela Vista ou um triplex no Guarujá.
O problema da falta de moradia digna é uma chaga social no Brasil, assim como em qualquer lugar do mundo subdesenvolvido. Mas não será ferindo o direito de propriedade através de ações truculentas que se resolverá o problema. Pelo contrário: a insegurança gerada pelo fantasma da “função social” da propriedade inibirá o investimento na construção de novas moradias, agravando o problema. Tenho certeza que o marido de D. Marisa concorda comigo.