Riquezas minerais: um fetiche do subdesenvolvimento

A Suíça não produz um grão sequer de café. A Nestlé importa café de países como o Brasil, e exporta o mesmo café em forma de cápsulas, por muitas vezes o valor do quilo de café.

O Japão não produz um quilo sequer de minério de ferro. A Toyota importa placas de aço produzidas pela China (que por sua vez importou minério de ferro do Brasil), e exporta carros por muitas vezes o valor do quilo de minério.

A Venezuela está sentada sobre as maiores reservas de petróleo do mundo. Não é preciso dizer mais nada.

O fetiche de Bolsonaro por nossas “riquezas minerais” é de chorar. Mas ele não está sozinho. Há muita gente que repete o mantra “como pode um País tão rico como o Brasil ser tão pobre”. E, por riqueza, entende-se as riquezas minerais, o clima bom, o solo fértil.

A verdadeira riqueza de um país é a sua capacidade de gerar valor. Um quilo de minério de ferro só tem valor na medida em que é usado para criar algo que tem valor. E o valor será tanto maior quanto mais tecnologia se aplicar à matéria prima.

Países ricos conseguem mobilizar capital físico e humano para gerar valor. Pouco importa se possuem matérias-primas de baixo valor agregado. Os países que conseguiram se desenvolver compram essas matérias-primas e usam o seu capital acumulado para gerar valor.

Isso tudo é óbvio. Dolorosamente óbvio. Mas ainda estamos na fase de “defender nossas riquezas”. Para que? Para vender a preço de banana para países que criam valor. Ou a preço de minério de ferro.

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