Quem tem um telefone celular sabe qual é o seu ponto fraco: a bateria. Obviamente não tenho estatísticas, mas sou capaz de apostar que a maioria das pessoas troca de celular (e de notebook) por causa do fim da vida da bateria. Além de ficar a vida inteira desesperado atrás de uma tomada para recarregar.
Baterias têm vida útil e autonomia limitadas. Este é o problema quando se trata de substituir motores a combustão. Fora que o petróleo é muito mais barato por unidade de energia produzida.
Considera-se a energia elétrica uma “energia limpa” porque não produz gases de efeito estufa. Mas baterias estão longe de ter impacto zero no meio-ambiente. O descarte de baterias é um problema ambiental sério, somente comparável ao descarte de material radioativo. Só não é um problema hoje porque usamos baterias somente para os nossos brinquedinhos. Quando for para substituir pra valer motores a combustão, na indústria e nos automóveis, veremos o tamanho do pepino.
Além disso, baterias não PRODUZEM energia. Baterias apenas ARMAZENAM energia. A energia deve ser transferida de algum lugar. Quando carregamos uma bateria, estamos transferindo a energia armazenada em algum outro depósito. Adivinhe de onde? Acertou: petróleo, no caso dos países desenvolvidos, carvão no caso da China e quedas de rios no caso do Brasil. A origem da energia será a mesma, com o mesmo impacto ambiental (agravado pelas baterias inutilizadas). A vantagem será apenas menor poluição nas cidades.
A solução definitiva virá quando conseguirmos substituir o petróleo e o carvão como “energia armazenada”. Usinas eólicas são uma alternativa, mas ainda muito mais caras do que o petróleo. Energia nuclear é outra alternativa viável, mais barata do que petróleo. Mas Chernobyl e Fukushima nos fazem lembrar que esse negócio de energia limpa tem seus riscos.
O Nobel de Química foi mais do que merecido. Sem a invenção da bateria íon-lítio eu não poderia estar escrevendo este post, e toda uma indústria de dispositivos móveis não teria vindo à luz. Mas ligar as baterias à defesa do meio-ambiente, como fez a comissão do Nobel, só atende à agenda politicamente correta de Greta Thunberg. Que já deve estar se preparando para a entrega do seu Prêmio Nobel da Paz. Não precisará ir de veleiro ao evento, bastará um carro elétrico para se deslocar até o local em sua cidade natal, Estocolmo.