Ciência brasileira

Brasileiro é que nem praga, tem em todo lugar.

Pois bem, encontraram um brasileiro na equipe que desenvolveu a “supremacia quântica” do Google. Ele deu uma entrevista ao Estadão, que reproduzo abaixo.

Destaco os seguintes pontos:

1) A pesquisa foi financiada pelo Google. A IBM está desafiando os resultados. E o cientista brasileiro já se mudou para a Amazon. Apesar de ser professor da Caltech, Fernando Brandão e a equipe do Google estão sendo financiados pela fina flor da iniciativa privada. Por que? Ele mesmo explica: até seria possível o investimento público, mas seria muito arriscado, porque não se sabe direito ainda no que investir. Trata-se de investimento de risco, e somente capitais de risco deveriam se meter nisso. Google, IBM e Amazon estão atrás dos lucros fabulosos que essa tecnologia pode trazer no futuro e, por isso, estão dispostos a investir a fundo perdido. O mesmo ocorre no setor farmacêutico, ou de biotecnologia: até dar certo, rios de dinheiro são gastos em pesquisa. Por isso, é tudo muito caro.

2) No Brasil, é impensável esse nível de parceria, visto por aqui como uma ingerência indevida sobre a autonomia universitária, que não pode se curvar aos ditames do mercado. Sim, nos EUA é bem mais fácil, como reconhece o cientista brasileiro.

3) Há um esforço para dizer que, neste governo, a pesquisa científica “piorou muito”. O cientista ainda concede que a coisa não ia tão bem assim nos governos passados, mas pelo menos havia “esforços de valorização”. De onde concluo que a única diferença deste governo para os anteriores no que se refere à pesquisa científica é a retórica agressiva. De resto, está fazendo a mesma coisa que os governos anteriores, ou seja, nada. O pessoal precisa de um discursinho para se sentir valorizado.

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