Leio e ouço algumas análises colocando o Flamengo como virtual campeão brasileiro em todos os próximos anos. Com o tamanho de sua torcida e a casa financeiramente arrumada, não vai ter pra ninguém.
Não consigo deixar de me lembrar das mesas redondas depois da Copa de 2014. A seleção da Alemanha era o resultado de um longo planejamento, que começara logo após ter perdido a Copa em casa em 2006. Em 2010 havia novamente sido eliminada na semifinal, mas isso fazia parte do planejamento, que havia sido feito para que a Alemanha atingisse o seu auge em 2014. Foi o que aconteceu, com os 7×1 e o título do torneio. As mesas redondas eram unânimes em apontar a Alemanha como a nova força hegemônica do futebol mundial. Tudo isso para cair na primeira fase da Copa de 2018.
O São Paulo foi tricampeão brasileiro nos anos de 2006, 2007 e 2008. E havia sido campeão da Libertadores e do Mundial em 2005. O papo era o mesmo: um time muito bem administrado, que seria força hegemônica dali em diante. O fato é que não ganhou mais nada desde 2008.
O Palmeiras da Parmalat foi outro time “hegemônico”. Ganhou os brasileiros de 1993 e 1994 e parecia que não ia ter pra mais ninguém. Teve.
O Flamengo montou um belo time e aparentemente está sendo bem administrado. Mas já vivi muito tempo para assistir a vários times “hegemônicos” que, mais cedo ou mais tarde, perdem o brilho e dão lugar a outro. O futebol brasileiro é como o país: muito instável, hoje está sendo bem administrado, amanhã estará sendo mal administrado. É da natureza do que acontece por essas bandas.
Os flamenguistas têm toda a razão em comemorar este ano de 2019, um ano perfeito. Mas não vamos tirar conclusões precipitadas. Foi um ano bom, sem dúvida. Mas não quer dizer nada sobre os anos que virão.