Você consegue imaginar a inflação nos EUA em 12% e a taxa básica de juros (a Selic deles) em 20%? Pois é, isso aconteceu nos selvagens inícios dos anos 80.
Com o 2o choque do petróleo em 1979, a inflação subiu de maneira descontrolada no mundo desenvolvido. Paul Volcker era então o presidente do Federal Reserve, o equivalente ao Banco Central norte-americano, responsável por manter o poder de compra da moeda. O instrumento para isso, assim como hoje, eram as taxas de juros básicas, determinadas pelo board do Fed.
Paul Volcker não teve dúvida: para uma inflação que já estava em dois dígitos, não se deixou levar pela cantilena do “esse é um choque de oferta, não um problema de demanda em excesso”, argumento preferido dos adeptos do “um pouco mais de inflação para um pouco mais de crescimento”. Para Volcker, inflação era inflação, não tinha raça nem cor.
A política monetária de Volcker jogou os EUA em uma grande recessão, além de quebrar os países mais endividados, como México e Brasil. Mas controlou a inflação, que era o seu objetivo. E os EUA, para não variar, saíram melhores do que entraram. Tudo porque o presidente do Banco Central, que cumpriu seu mandato sob presidentes democratas e republicanos, teve a ousadia e a autonomia para cumprir o que prescrevia o livro-texto.
RIP, Paul Volcker.