A família de Ítalo Ferreira, o atual campeão mundial de surfe, tirou a Mega-Sena do esporte. Seu filho ganhou destaque e está ganhando mais dinheiro em alguns anos do que poderiam sonhar seus pais em ganhar em gerações.
Segundo a história contada no jornal, Ítalo começou no surfe aos 8 anos, quando pegava suas primeiras ondas na tampa do isopor do pai, que vendia peixes na praia. Segundo a reportagem, o pai o levava todos os dias para essa atividade.
Fiquei pensando: 8 anos, e o pai o levava todos os dias para a praia? Não estudava, o menino? Parece que sim, mas só terminou o primeiro grau. A reportagem diz que a família teve que ouvir “comentários tendenciosos” porque Ítalo não estudava, ficava só naquela vida de surf.
Ítalo e sua família tiraram a sorte grande, assim como alguns poucos jogadores de futebol e suas famílias. A imensa maioria dos brasileiros ainda depende do estudo para mudar de patamar de vida. Não, Ítalo não serve como exemplo de nada. Para cada Ítalo que dá certo, há milhões que estão condenados à miséria por não estudarem.
No final, a matéria, em tom de condenação, diz que não houve nenhum apoio do poder público para Ítalo treinar o surf. Quer dizer, o jornalista esperava que um Estado que não consegue sequer alfabetizar direito a sua população mais pobre, providenciasse pranchas de surf para meninos que não vão à escola, na esperança de produzir campeões mundiais. Era só o que faltava.