Contrição de conveniência

Causou grande repercussão o “mea culpa” de FHC a respeito da Emenda Constitucional da reeleição (reproduzo abaixo o trecho do artigo publicado no Estadão ontem).Muito bem. Pena que tenha vindo um pouco tarde. FHC perdeu a oportunidade de se opor ao instituto da reeleição quando Lula e Dilma eram presidentes. Não lhe pareceu um erro na época, dado que não houve “mea culpa”. O ex-presidente bate no peito justamente agora quando é Bolsonaro o reelegível da vez? Contrição de conveniência.

Eu particularmente acho que qualquer sistema funciona, desde que não se mudem as regras do jogo casuisticamente. As regras, quaisquer que sejam, devem valer independentemente da pessoa que esteja ocupando o cargo. A desculpa de que o atual presidente tem a máquina do Estado para se reeleger vale também para o sucessor escolhido. Ou ninguém viu o que Lula fez para eleger Dilma? Não permitir a reeleição não vai resolver a questão do uso da máquina. O grupo político que detém o poder sempre terá vantagem.

Esse “mea culpa” de FHC tem esse odor de casuísmo. Mas como é FHC e como é Bolsonaro o presidente, parece muito lógico e sensato. Só que não.

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