O tamanho do sofrimento

A Moody´s é a agência de análise de risco que mantém o melhor rating para a dívida soberana brasileira, BB, dois níveis abaixo do grau de investimento. As outras duas agências, S&P e Fitch, atribuem rating BB-, três níveis abaixo. O que a Moody´s está dizendo é que pode se juntar às outras duas agências caso não se retome a trajetória de ajuste fiscal.

E daí?

As agências de rating são notoriamente atrasadas em relação à realidade. Elas sempre estão correndo atrás do prejuízo, sancionando aquilo que os mercados já sabiam faz tempo. A questão, portanto, é: as agências estão atrasadas em relação à melhora das condições brasileiras ou em relação à piora? A julgar pelo aviso da Moody´s, estão atrasadas em relação à piora. Ou seja, o mercado já está precificando uma situação muito pior, e as agências vão novamente correr atrás, rebaixando o rating soberano brasileiro.

Isso significa dinheiro mais caro para financiar o crescimento econômico. Não que o rebaixamento do rating vá tornar o dinheiro mais caro. O rebaixamento só vai reconhecer uma situação de fato. A solução? Fazer a lição de casa. O sofrimento causado pelo ajuste fiscal é muito menor que o sofrimento causado pelo desajuste. A escolha não é entre sofrimento e não sofrimento. A escolha é pelo tamanho do sofrimento. Vamos ver qual será a escolha do governo e da sociedade.

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