Playing games

Hoje, Bolsonaro seguiu com seu plano de encontrar um bode expiatório para o atraso na adoção de um plano de vacinação. No caso, os laboratórios. Ontem foi um post no Facebook. Hoje foi um papo reto com admiradores.

De fato, são os laboratórios que devem pedir o registro da vacina em um determinado país onde mantiveram testes clínicos. No caso do Brasil são quatro: AstraZeneca/Fiocruz, Pfizer, Janssen e Sinovac/Butantan.

Até o momento, nenhum desses laboratórios pediu o registro no Brasil, está certo. No entanto, o que está devidamente escondido na argumentação é: por quê?

Até o momento, os países que começaram a vacinar o fizeram com a Pfizer, com a Moderna ou com a Sputinik. Dessas, apenas a Pfizer fez testes clínicos no Brasil. A pergunta que não quer calar é: por que raios a Pfizer pediu registro em dezenas de outros países e não pediu no Brasil-sil-sil?

Será porque os outros países se esforçaram, chegaram na frente, mostraram interesse, enfim, não fizeram campanha contra a vacina? Bolsonaro pergunta se a Pfizer não tem interesse no nosso grande mercado. Claro que tem! Só que se trata de um bem escasso com uma imensa procura. A Pfizer prefere perder o seu tempo com outros países mais interessados, que ocuparão a sua capacidade de produção por anos.

O Brasil é aquela prima-dona que fica sentada no baile desdenhando de todos os rapazes, e depois culpa os próprios rapazes pelo fato de ter ficado sem ninguém para dançar.

Bolsonaro, mais uma vez, insulta a inteligência alheia, em um assunto extremamente sério. Até quando vai ficar playing games com a saúde da população?

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