Reunião histórica

“Reunião histórica”.

O que faz ser histórica uma reunião entre chefes de Estado? Algo que mude os rumos da História, por suposto. Talvez a reunião histórica paradigmática seja a que ocorreu em Yalta, na Crimeia, onde o mapa da Europa pós-guerra foi desenhado por Churchill, Roosevelt e Stálin. Entre URSS e EUA, a reunião entre Nixon e Brejnev que determinou a redução de arsenais nucleares pode ser considerada histórica.

Por que a reunião entre Biden e Putin será histórica? Segundo o jornal, porque Biden será “durão” e apresentará uma série de exigências a Putin: fim dos ciberataques, retiradas das tropas da Ucrânia e advertência sobre a interferência russa nas eleições americanas.

Já fico imaginando Biden e Putin frente a frente na mesa de negociações. Biden entrega a lista de exigências. Putin lê com atenção, arregalando o olho a cada linha. Pensa consigo: “putz, agora que meu amigo Trump deu lugar a esse Chuck Norris das relações internacionais, acho melhor começar a colaborar”.

Este é o sonho do jornalista engajado. Na realidade, vai acontecer mais ou menos o seguinte: Biden e Putin em lados opostos da mesa de negociações. Biden entrega a lista de exigências. Putin dá uma olhada de alto a baixo em mais ou menos 5 centésimos de segundos, entregando a folha a um assessor, que a coloca dentro de uma pasta preta. Com o poker face que Deus lhe deu, Putin pergunta em seguida: “anything else, Mr. President?”

Fim da reunião histórica.

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