A cláusula de barreira vai acabar com o PCdoB. Na verdade, a culpada pelo fim do PCdoB não é a cláusula de barreira. O verdadeiro culpado é o povo, esse ignorante, que insiste em votar em partido burguês ao invés de votar nos verdadeiros representantes dos proletários.
A cláusula de barreira foi estabelecida para acabar com os chamados “partidos de aluguel”, aqueles que não representam ninguém, a não ser os seus próprios donos, que alugam a legenda pelo melhor preço. Foi o que aconteceu com o PSL de Bivar, que alugou o partido para Bolsonaro e sua turma em 2018.
Mas, como efeito colateral, vai acabar também com os chamados “partidos ideológicos”, que existem para “expressar ideias”. Como é difícil estabelecer normas objetivas para distinguir partidos ideológicos de partidos de aluguel, o critério passou a ser “número de votos”.
Pensando bem, é o melhor critério. Uma cabeça, um voto. A ideia de proteger os chamados “partidos ideológicos” tem como premissa oculta dar mais peso ao “voto” dos intelectuais. Os intelectuais gostariam de manter vivo o PCdoB (e seus primos menos glamurosos, PSTU, PCO e o recente UP) por razões sentimentais. Afinal, representam a utopia de um mundo melhor possível. Assim, o seu “voto” valeria mais do que o do “pobre de direita”, que, como dissemos, insiste em votar em partido de burguês.
O futuro, sem esses partidos que só representam seus próprios filiados, é termos cinco ou seis partidos-ônibus, em que fica mais difícil soluções de extremos. Pode não ser o sonho de quem vê a revolução como única solução para os problemas nacionais. Mas é como funcionam as grandes democracias ocidentais que são minimamente estáveis. Algum mérito esse sistema deve ter.