PSDB, o partido do diálogo

Entrevista com o ainda senador José Serra. Na primeira pergunta, Serra afirma que é preciso acabar com essa “polarização entre extremos”. Na pergunta seguinte, ao ser questionado sobre as conversas que Lula vem mantendo com próceres do partido, Serra diz achar “natural” o diálogo político mesmo entre aqueles que ”não compartilham bandeiras”.

O senador é inteligente e perspicaz, e certamente tem consciência da contradição em termos entre as duas respostas. O que ele faz é subestimar a inteligência e perspicácia do leitor. Afinal, não é preciso ser muito inteligente e perspicaz para sacar que, para fins eleitorais, não dá para condenar os extremos e, ao mesmo tempo, aceitar o diálogo com um deles.

Serra dá uma resposta de sarau literário, onde os problemas nacionais são resolvidos em tese. Claro, o diálogo sempre é superior à guerra. Em tese. Na prática, com um candidato de seu próprio partido buscando desesperadamente firmar-se como uma alternativa à polarização indicada pelo próprio senador, esse “diálogo” só interessa a Lula. Enquanto os tucanos históricos “dialogam”, Lula trata de ganhar a eleição.

Não é à toa que Doria ganhou as prévias. Com todos esses tucanos pré-históricos apoiando Eduardo Leite, ficou claro onde estava a mínima chance de futuro para o partido. Digo mínima porque é mínima mesmo, a maior probabilidade é que o PSDB saia menor dessa eleição do que entrou, justamente porque a ala pré-histórica insiste em diálogos de sarau.

Lula só pensa em eleição. Bolsonaro só pensa em eleição. Doria causa repulsa dentro de seu partido porque, vejam só, só pensa em eleição. Serra, Tasso, Zé Aníbal e outros tucanos pré-históricos fariam bem em seguir o caminho de Alckmin, e cair de vez no colo do ex-presidiário. Ao menos deixariam de criar ruído para a campanha do candidato de seu próprio partido.

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