A coluna do Estadão constata o óbvio: Bolsonaro domina as redes.
Só acho que o diagnóstico está errado. O colunista sugere que Bolsonaro tem adotado uma “estratégia” para chamar a atenção, que seria a da “provocação” a artistas e rivais. Na verdade, penso que o engajamento citado é fruto de uma coisa bem mais simples: tamanho da audiência.
No Instagram, Bolsonaro tem pouco menos de 20 milhões de seguidores contra 4,5 milhões de Lula. 800 mil curtidas é um bom engajamento, mas explicável pela base de seguidores. Lula pode esperar cerca de 1/4 disso nos seus posts mais populares.
No Twitter, Bolsonaro tem 7,5 milhões de seguidores contra 3,3 milhões de Lula. Não à toa, seu post sobre a aliança Lula-Alckmin teve o dobro de curtidas do que o do seu adversário do PT sobre o mesmo assunto.
Bolsonaro entendeu antes de todo mundo a importância das redes. O seu volume muito maior de seguidores é fruto de um trabalho de anos, não de meses. Além disso, Bolsonaro usa as redes com a linguagem das redes, e não como uma página oficial com discurso insosso. E mais: sua interação soa autêntica, pois é o mesmo discurso que seus seguidores ouvem no cercadinho do Planalto. Muito diferente de tentativas toscas de Ciros e Alckmins da vida, que contratam marqueteiros para “acertar o tom”. Seu “kkkkkk” como comentário sobre a aliança Lula-Alckmin é exemplo acabado desse fato.
Assim como a motociata, seguidor no Instagram não significa necessariamente voto na urna. Mas se as redes sociais tiverem em 2022 a mesma importância que tiveram em 2018, Bolsonaro sai com vários corpos de vantagem. Não é à toa que seus adversários estão pedindo que o juíz consulte o VAR para verificar se o presidente não está impedido.