O limite entre o oportunismo e a canalhice

Ainda e novamente João Dória.

Uma vez pode ser uma desatenção, duas vezes é uma estratégia.

Pela segunda vez em menos de 24 horas, o ex-governador de São Paulo sinaliza na direção de Lula. Que Dória não queira papo com Bolsonaro se entende. Afinal, Dória foi alvo de Bolsonaro do primeiro ao último dia, que assim tratou todos aqueles que poderiam desafiá-lo em sua campanha pela reeleição. “Calça apertada” foi o apelido escolhido pelo seu moedor de reputações, mas esse foi apenas o lado jocoso de um embate que foi das vacinas à privatização da Ceagesp.

No entanto, sinalizar para Lula parece um pouco demais para alguém que construiu sua breve carreira política com base no antipetismo. A não ser que esteja querendo unir a velha guarda do PSDB em torno do seu nome e, para isso, esteja disposto a mostrar que é anti-bolsonarista acima de tudo.

Se for mesmo essa a estratégia (e não consigo pensar em outra), só tem um problema: como tudo o que Dória faz, soa tremendamente artificial. Outro dia estava abraçando Bolsonaro no meio da rua e demonizando o PT, e agora quer passar a mensagem de que o verdadeiro demônio é Bolsonaro e, para isso, está disposto a abraçar Lula no meio da rua.

Nem vou acusar Dória de “oportunismo”, porque oportunistas todos os políticos são, na medida em que aproveitam as oportunidades que surgem para auferir vantagens. Mas esse “oportunismo” precisa ter um limite. Caso contrário, começa a se transformar em canalhice. Receio que João Dória já tenha ultrapassado essa linha divisória.

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