Anti-tucanismo

A torcida é grande. A reportagem afirma que “nunca um petista esteve tão perto do Palácio dos Bandeirantes”, usando, para fazer essa afirmação, o número de votos absolutos, que, como sabemos, aumentam vegetativamente de ano para ano. Em termos relativos, foram 36% dos votos.

O fato é que vários petistas também chegaram “perto” do governo Paulista segundo esse critério. Em 2002, José Genoíno obteve 32% dos votos no primeiro turno e 41% no segundo. Em 2006, Mercadante obteve novamente 32% dos votos, em eleição vencida por José Serra no 1o turno. Em 2010, Mercadante obteve 35% dos votos, em eleição vencida no 1o turno por Alckmin. Em 2014 e 2018, aí sim, tivemos um fiasco retumbante do PT no estado. O que aconteceu agora em 2022 foi a volta ao patamar que o PT sempre teve em SP. Capaz de Haddad chegar ao mesmo nível de Genoíno em 2002, dada a força do anti-bolsonarismo. E só.

A reportagem exalta o feito de Haddad, como se não tivesse havido uma imensa frustração. Realmente, davam como certo um 2o turno em que todas as “forças democráticas” se uniriam em torno do mais tucano dos petistas. Os paulistas, no entanto, decidiram mandar pra casa o neo-tucano Garcia, e muito provavelmente rejeitarão também o petista-tucano Haddad. O anti-petismo, em SP, se transmutou em anti-tucanismo.

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