A questão da transparência das pesquisas eleitorais

Sobre a polêmica das pesquisas eleitorais, a melhor sugestão, na minha opinião, veio do professor do Instituto de Matemática e Estatística da USP, Alexandre Patriota: transparência.

Muitas vezes saí frustrado na busca de detalhes de pesquisas. Por exemplo, informações sobre cortes específicos do DataFolha eram publicados na imprensa, mas o acesso ao dado bruto para conferir não era disponibilizado. A manchete era a mesma em vários veículos, ficando claro que sua fonte era um press release do próprio DataFolha, e não o resultado de uma análise do próprio veículo. E, como sabemos, quem faz a manchete faz a notícia.

O deputado Ricardo Barros, ontem, defendeu uma legislação para punir os “erros” dos institutos. O problema de uma legislação desse tipo é definir o que vem a ser “erro”. Uma coisa é o papo de bar ou na rede social. Outra coisa é definir de maneira precisa na legislação. Creio que uma legislação muito mais eficiente estaria na linha sugerida pelo professor do IME: obrigar os institutos a divulgarem detalhes de suas metodologias amostrais, além dos dados brutos, de forma que investigadores pudessem reconstruir os resultados de forma independente.

A CVM exige que as empresas de capital aberto publiquem uma série de informações de maneira padronizada, tomando muito cuidado para que todos os players tenham as mesmas informações ao mesmo tempo. Assim, analistas podem ter acesso aos dados para chegar a conclusões sobre a saúde das empresas de maneira independente da direção dessas mesmas empresas. Esse cuidado se justifica, dado que é a poupança de milhões de investidores que está em jogo.

No caso das pesquisas, está em jogo o futuro de todos os brasileiros, e o cuidado deveria ser ainda maior. Uma legislação que exigisse um nível mínimo de transparência e padronização das informações por parte dos institutos já seria um grande avanço.

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