Esquecendo os erros do passado e focando nos erros do futuro

O governo aprovou o “Desenrola” do FIES, dando anistia parcial aos inadimplentes. Os números impressionam: são 1,2 milhões de pessoas, que estão devendo a bagatela de R$ 54 bilhões.

Em primeiro lugar, não pense que o governo está fazendo isso porque gosta dos estudantes. Nada disso. Em sua busca desesperada por receitas, o governo do PT pretende arrecadar alguns trocos com essas quitações. Se conseguir recuperar 20% desse montante, serão R$ 10 bilhões adicionais de receitas, ja dá pra pagar algumas emendas parlamentares.

Mas o mais assustador não é o passado, mas antes, o futuro. Vejamos.

No gráfico abaixo, podemos observar o número de contratos do FIES por ano, desde 2010., retirado de um excelente trabalho de conclusão de curso da ENAP – Escola Nacional de Administração Pública.

São 2,564 milhões de contratos até 2017, e 255 mil contratos de 2018 em diante, quando as regras foram mudadas no governo Temer. Ou seja, quase metade dos contratos pré 2018 estão inadimplentes. O número de contratos diminui drasticamente de 2015 a 2017 por restrições orçamentárias, e mais ainda de 2018 em diante, quando, segundo as novas regras, as faculdades passaram a compartilhar o risco de inadimplência.

Mas o governo do PT quer voltar aos bons velhos tempos. Segundo o ministro da educação, vem aí um “novo FIES”, que terá um viés “social” e não “econômico”. Sabemos o que isso significa: encher as burras das faculdades privadas, deixando a conta para os próximos governos. Nada contra subsidiar estudantes carentes. Mas isso precisa estar no orçamento, e não em um programa de empréstimos que camufla o verdadeiro custo fiscal do programa, ao colocar como ativo da União empréstimos que, sabemos, nunca serão pagos.

No governo do PT, estamos sempre esquecendo os erros do passado e focando nos erros do futuro.

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