O custo da desconfiança

Ausentei-me alguns dias dessa página por estar em viagem ao exterior, visitando minha filha que está fazendo intercâmbio na Espanha. Voltei hoje, e tive uma experiência sui generis no aeroporto.

Por alguns motivos que não vem ao caso, resolvi ir de carro para Cumbica. Estava sem a tag do Conect Car, então tive que pegar um ticket para entrar no estacionamento. Na Espanha, aluguei um carro, e entre pedágios e estacionamentos que emitiam tickets semelhantes, acabei jogando fora inadvertidamente o ticket do estacionamento do aeroporto.

Pois bem. Fui até o caixa do estacionamento em Cumbica, esperando que me fosse aplicada a tarifa máxima como pena por ter perdido o ticket, o que eu acharia muito justo. Qual não foi minha surpresa quando a menina do caixa me perguntou qual o horário que eu havia chegado. Eu poderia mentir, dizendo qualquer horário de hoje, mas disse a verdade, que havia deixado o carro uma semana antes. Não houve nenhuma conferência, ela só me deu um papel para assinar, paguei a tarifa correspondente e saí com o ticket validado.

Bem, não preciso dizer que fiquei desconcertado com aquela prova de confiança, tão rara no Brasil. A confiança mútua é um dos pilares de uma sociedade saudável. Quanto mais confiança, menor a burocracia e o custo do cumprimento das obrigações. Em uma sociedade sem confiança, os cumpridores pagam pelos não cumpridores. No caso, como o estacionamento confiou na minha palavra, eu não precisei pagar a tarifa máxima.

Fica a questão: o brasileiro, na média, é confiável? Qual será o custo dessa política para o estacionamento?

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