Entrevista com a ministra Simone Tebet sobre um projeto de lei, a ser apresentado hoje, que endurece as penas por remuneração desigual entre homens e mulheres.
No final da entrevista, a ministra demonstra, inconscientemente, por que as mulheres, na média, ganham menos que os homens. Ao tentar justificar por que a remuneração igualitária teria impacto positivo sobre a atividade econômica, Tebet afirma que “a mulher não guarda, ela gasta o dinheiro com material escolar, supermercado e exames”.
A afirmação é absurda em si. Quer dizer então que, nas famílias em que a mulher não trabalha, ninguém faz supermercado, realiza exames e os filhos ficam sem material escolar? E mesmo nas famílias em que a mulher trabalha, esses gastos saem exclusivamente do salário da mulher?
Mas o pior não é nem o non sense da afirmação. A ministra reproduz o preconceito de gênero que procura combater. Por que, afinal, teria que ser a mulher a pagar o supermercado e o material escolar dos filhos? Essa associação demonstra que, mesmo para uma militante tão vocal sobre os direitos da mulher, fazer supermercado e cuidar dos filhos continuam sendo “tarefas da mulher”. Shame on you, Tebet!