No Brasil, sucesso é ofensa pessoal

Vejo muita gente por aqui torcendo o nariz para a fortuna de João Amoêdo.

Seus milhões seriam suspeitos ou, no mínimo, o fariam inadequado para entender os problemas do Brasil.

Não notam que sua atitude é reflexo da mentalidade que torna o Brasil um país medíocre: a ojeriza ao sucesso.

Amoêdo fez sua carreira no mercado financeiro e, até onde sabemos, nada depõe contra sua honestidade. Ganhou dinheiro de acordo com as regras do jogo capitalista, as mesmas regras responsáveis pela riqueza das nações e louvadas pelos que torcem o nariz para a sua fortuna.

O fato de ter obtido sua fortuna na indústria financeira também depõe contra. Fosse, sei lá, o Silvio Santos, a fortuna pessoal seria até bem recebida. Mas o mercado financeiro é o belzebu de um país com sérias limitações cognitivas a respeito do que seja o capitalismo. Se há distorções no mercado financeiro (altos spreads, concentração etc), estas distorções são, no fundo, fruto das distorções do capitalismo brasileiro, altamente dependente do Estado, não o inverso.

“No Brasil, sucesso é ofensa pessoal”.

Esta aversão à fortuna (se tem dinheiro, aí tem) não tem como não me fazer lembrar dessa célebre frase de Tom Jobim, tão definidora do Brasil.

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