Mais importante do que entender os motivos pelos quais João Doria desistiu de sua candidatura presidencial é avaliar o impacto da decisão na disputa. Entendo que seja pequeno e explico porque.
A única mudança significativa na campanha seria o aumento da probabilidade de um dos dois candidatos que lideram as pesquisas serem ultrapassados por um terceiro. A chance de um evento desse tipo aumentou com a desistência de Doria? Provavelmente não. Para que isso acontecesse, seria necessário que o PSDB desistisse de lançar um candidato. Vai acontecer? Pouco provável.
Com uma candidatura na rua, o PSDB continua dividindo os votos da chamada “terceira via”. A não ser que fosse um candidato que atraísse votos dos atuais lulistas e bolsonaristas. Até pode ser, mas não vejo isso acontecendo em escala suficiente para mudar o quadro eleitoral.
Enfim, a desistência de Doria tem muito mais influência nas eleições paulistas do que na nacional, onde o PSDB vai disputar votos com o candidato bolsonarista Tarcísio de Freitas. A depender do arranjo do partido que exerce o governo do Estado há quase 30 anos, Tarcísio pode ser o mais beneficiado nesse imbróglio.
Doria, por fim, somente adiantou um fim que o aguardava de qualquer forma depois das eleições: o ostracismo.