O colunista Pedro Doria repercute um artigo que, segundo ele, joga luz sobre o problema da divisão aparentemente irreversível que a sociedade atual vem sofrendo.
O “retuíte” do Twitter e o “like” do Facebook seriam os culpados pelo auto-isolamento dos grupos com opiniões diferentes e, consequentemente, pela erosão dos fundamentos da democracia. Uau!
Se não me engano, em 1860, quando estourou a Guerra de Secessão, em que morreram mais de 600 mil americanos em uma batalha de ideias que chegou às vias de fato, não havia nem o “retuíte” e nem o “like”. Estes recursos também não existiam, salvo engano, durante a implantação das mais sanguinárias ditaduras do século XX.
Li em algum lugar que o problema de nossa sociedade é a falta de problemas realmente sérios. Na falta destes, passamos a nos preocupar com “microagressões”, “vocabulário não discriminatório”, “retuítes” e “likes”. Essa “descoberta” do artigo citado por Pedro Doria encaixa-se à perfeição no caso.
Se é para ter uma teoria, tenho a minha própria: as redes sociais nos permitiram extravasar toda a nossa ira e revolta sentados confortavelmente no sofá de casa, dispensando o derramamento de sangue típico das vias de fato. Diria que é graças às redes sociais que não temos mais guerras civis no mundo, a não ser naqueles países onde a internet não conta com uma boa cobertura. A diferença dessa minha teoria para a dos “retuítes” e dos “likes” é que eu não a levo a sério.