Nanismo diplomático

Assisti ontem Entebe, do José Padilha. Se você relevar algumas mensagens sebosas no meio, é um bom thriller, com excelente ritmo.

Tive curiosidade de ler os jornais da época. Isso que vai aí é a reação da diplomacia brasileira.

Quatro brasileiros (todos judeus) haviam sido libertados na primeira leva. Sendo assim, Azeredo da Silveira não se viu no dever de agradecer ao governo de Israel pela libertação dos reféns. Além disso, deu lição de moral, insinuando que em Israel haveria “cidadãos de segunda classe”, o que simplesmente não corresponde aos fatos.

No final, usa como desculpa o ataque em solo ugandense para não enviar cumprimentos. Como se Idi Amin Dada não tivesse sido cúmplice do sequestro.

A tradição de nanismo diplomático vem de longe.

Hora de acordar

Realmente não entendi a reação histérica das esquerdas à série O Mecanismo. Acabo de assistir o último episódio, onde o autor coloca Aécio tramando o impeachment com o Temer, porque Dilma não estaria interessada em parar a Lava-Jato. Detalhe: toda a mídia estaria comprada, a começar da Veja.

Alguém viu Aécio, Temer ou a Veja refutando histericamente a série? Tem lá uma história, que é a visão autoral do Padilha. As pessoas adultas assistem a série e concordam ou discordam daquela visão. Eu, por exemplo, acho a história de um complô contra a Dilma verosímil, mas completamente insuficiente para provocar o impeachment, que não ocorreria não fosse a abissal incompetência em variadas dimensões da ex-presidenta.

Só consigo relacionar as reações histéricas das esquerdas, incluindo o pueril boicote, a uma visão religiosa da missão de Lula e do PT. Padilha ousou mexer com o sacrossanto e mereceu o fatwa. Com isso, bobamente, as esquerdas vestem a carapuça, passam recibo. Como disse Padilha, está na hora das esquerdas acordarem.