Um banco com propósito

Já escrevi sobre o LeftBank aqui. Constituído com um capital de R$ 500 mil por dois empresários gaúchos e capitaneado pelo ex-presidente da Câmara, o petista Marco Maia, o Left Bank chega com a proposta de ser o banco dos “simpatizantes da esquerda”.

Fico aqui imaginando um “RightBank”. O RightBank ofereceria exatamente os mesmos serviços do LeftBank, só que para “simpatizantes da direita”. Bem, pelo menos, haveria alguma coerência, dado que quem se identifica com a direita não costuma demonizar o capitalismo. Talvez, por isso, um RightBank seja dispensável. O LeftBank vem preencher uma lacuna de mercado, atendendo esquerdistas com a consciência pesada, obrigados a consumir produtos do mais puro capitalismo no seu dia-a-dia. O LeftBank adiciona “propósito” ao cartão de crédito. Não deixa de ser uma sacada genial de marketing.

De tudo isso, o que mais me chama a atenção é o nome do banco, escrito no mais puro idioma do imperialismo estadunidense. Compreensível. Afinal, “Banco da Esquerda” seria um nome muito capiau para um banco que quer atrair a esquerda descolada, aquela que quer “mudar o mundo” a partir de seus iPhones.

O banco sem banqueiro

Marco Maia, a exemplo de Lula e tantos outros, era um torneiro mecânico que se envolveu com o sindicalismo e, daí, saltou para a vida partidária. Elegeu-se deputado federal pelo RS em 2006 e permaneceu na Câmara dos Deputados por três legislaturas. Foi eleito presidente da Câmara em 2011, primeiro ano do mandato de Dilma, quando o PT ainda dava todas as cartas.

No entanto, Marco Maia foi varrido junto com a onda anti-petista nas eleições de 2018, tendo obtido apenas um terço dos votos que havia angariado em 2014. Sem cargo, o que fazer? Lamuriar-se num canto? Nada disso! Marco Maia foi à luta e decidiu ser… banqueiro!

Reportagem de hoje traz o novo empreendimento de Marco Maia: o LeftBank, um banco sem banqueiro, segundo a propaganda. Assim é se assim lhe parece.

Maia não esconde o jogo: seu objetivo é utilizar a grife “esquerda” para angariar clientes.

Há uma ligação sentimental, um instinto de pertencimento dessas pessoas que se identificam com a esquerda, que Maia quer explorar. Quem diria que a esquerda, sempre tão identificada pela luta contra o consumismo capitalista, virasse grife para atrair consumidores. E de um banco que não é estatal! Esse mundo está de pernas para o ar mesmo.