Estatísticas da Covid-19

Gráficos atualizados até ontem.

Mudei um pouco o critério para o gráfico do número de novos casos: ao invés de iniciar com o caso #50, iniciei quando o número de casos ultrapassou 1 para cada milhão de habitantes em cada país/região. Neste gráfico, o Brasil continua bem atrás de Europa e EUA, mas aqui pode haver problemas de medida, uma vez que estamos testando bem menos.

No gráfico de mortes, adotei dois critérios para iniciar as séries: o critério da primeira morte, que já vinha usando, e o critério do caso #150, sugerido pelo amigo Victor H M Loyola. O racional desse critério é que já teríamos, no caso #150, contaminação comunitária, o que já indicaria epidemia. A primeira morte seria um marco mais aleatório. Faz sentido.

No primeiro gráfico, usando o critério da primeira morte, o Brasil aparece seguindo a Europa em seu início. Já no segundo critério (caso #150), o Brasil aparece bem atrás, com uma curva mais suave. Tomara que este critério seja o melhor mesmo, Victor!

O espírito de Goebbles

Escreveu o que eu ia escrever mas estava com preguiça. Obrigado, Victor H M Loyola.

Me dei ao trabalho de assistir ao vídeo do ex-secretário da Cultura, Roberto Alvim, demitido hoje. Não é algo que eu faria em condições normais, mas pela intensidade dessa que foi a treta da semana, não podia deixar passar.

O que eu tenho a dizer é o seguinte: Independentemente do plágio ao discurso nazista de Goeebels, que comentarei depois, foi certamente uma das piores declarações políticas que eu já assisti, seja pela forma, seja pelo conteúdo. Um horror.

A música de fundo (do alemão Wagner, apropriada a momentos tristes, quem sabe fúnebres), o ar formal e pomposo e as referências ao ‘renascimento da arte brasileira’, de que ela deveria ser heroica e nacionalista e um sem número de bobagens escritas em um português que se pretendia rebuscado e terminou ‘oco’ fez a peça soar uma caricatura. Por momentos, achei que fosse pegadinha de programa humorístico e que a qualquer momento o pessoal do saudoso Casseta e Planeta entraria em cena.

Sobre o conteúdo, governos que definem o que é arte e cultura e posicionam-se como guias da população no assunto são…ditaduras. Simples assim.

Eu até acho que o plágio ao texto do Goebbels pode não ter sido intencional, mas nem considero esse o ponto mais grave nesse caso. Para mim, o conjunto da obra é uma aberração.

A demissão de Roberto Alvim foi acertada, mas será extremamente preocupante se o seu sucessor(a) for alguém que compartilhe das mesmas ideias.

A estratégia inverossímil do governo

Bons e ponderados pontos levantados pelo amigo Victor H M Loyola, sobre as possíveis “explicações” para o não veto do juiz de garantias. A terceira, a única que ele considera plausível, caiu por terra com a informação de que Toffoli deu o seu aval para o troço. E Toffoli certamente está bem acompanhado no Supremo nesse ponto. De modo que, quem está esperando que alguma ADIN prospere, pode esperar sentado.

Ainda sobre o jabuti do juiz de garantias, plantado pelo Freixo/Paulo Teixeira no pacote anti crime do Moro, que não foi vetado por Bolsonaro, e gerou grande irritação entre sua base de apoio, li alguns contrapontos defendidos pelos governistas, dos quais somente um merece credibilidade.

– O primeiro contraponto é que se trata de uma boa ação. Para os defensores dessa tese, nem tudo que é proposto pela esquerda é ruim e essa seria uma das boas ideias. Esses em geral foram os apoiadores de primeiro momento, para os quais qualquer ação do presidente se justifica. A medida em si é péssima, tornaria o sistema judiciário ainda mais lento e custoso. Apoiá-la é algo esdrúxulo, a menos que você seja um psolista, petista ou similar;

– O segundo contraponto seria de que tal medida não iria alterar muito a estrutura do judiciário e que Bolsonaro estaria dando um exemplo à esquerda de que seu governo atende às demandas democráticas e não é autoritário. Essa teoria vai por água abaixo em todas as frentes, primeiramente por que a medida, se implantada, causaria um grande transtorno ao Judiciário. Em segundo lugar por que Bolsonaro nunca se incomodou com o ‘feedback’ de esquerdistas e jamais pensou em conquistar votos da banda de lá, pois isso é absolutamente impossível de acontecer;

– O terceiro contraponto é uma teoria plausível. Como tal medida é inconstitucional e será fatalmente julgada como tal, Bolsonaro teria preferido jogar o abacaxi no colo de quem a pariu, no caso, o Congresso. O problema é que ao fazer isso ele desagradou parte importante de sua base de apoio e não conquistou simpatia de um mísero antibolsonarista, nem no Congresso, tampouco entre os eleitores. E se ao final do dia, tanto vetar quanto não vetar a medida não faria diferença pelo fato dela ser inconstitucional, por que não manter a coerência e vetá-la, tal qual ele fez com outras 25 emendas do mesmo pacote anticrime?

Para os que consideram esse terceiro ponto um primor de estratégia eu faço algumas perguntas:

– Que força teriam Freixo e o PT no a Congresso para impor sua vontade? De que adianta passar de flexível com esses interlocutores? A oposição tem sido surrada ao longo do ano, não me parece que uma medida como essa teria o poder de arregimentar deputados de várias colorações;

– Se a medida será considerada inconstitucional, por que alimentá-la com debates inúteis ao invés de se posicionar com coerência? Por que preferiu agradar a uns gatos pingados e desagradar boa parte de seus simpatizantes?

São perguntas em aberto que desafiam o terceiro contraponto, que considero uma teoria crível. Mesmo que ela seja verdadeira, a atitude do presidente me desagradou. Não somente a mim, como a tantos outros, inclusive muito mais defensores do governo que eu. Sinceramente, se foi realmente uma estratégia, questiono a sua efetividade.

Agora nos resta torcer para que esse jabuti caia da árvore. Nossa justiça já é extremamente custosa e lenta.