Viagem para o abismo

Não sou funcionário público da ativa.

Não dependo de bolsa-família.

Meus filhos não estudam em escola pública.

Uma boa parte de minha aposentadoria virá de minha poupança previdenciária pessoal.

O único incômodo que terei se a reforma da Previdência não for aprovada será a volta da inflação alta, única forma de fazer caber os gastos suecos do governo em um orçamento senegalês. Mesmo assim, consigo me proteger com investimentos que protegem meu poder de compra.

Por que, então, sou a favor de se reformar a Previdência? Em primeiro lugar, porque honestamente me dói no coração a situação dos funcionários públicos mais simples, dos dependentes do bolsa família, dos alunos das escolas públicas. Sem reforma da Previdência, estes estarão mais fu… do que hoje. E, acredite, é possível estar mais fu… do que hoje.

Mas, sou a favor da reforma principalmente porque não consigo pensar em qualquer outra política pública que seja mais concentradora de renda do que a Previdência brasileira. Principalmente no que se refere à previdência da classe média, com um exército se aposentando com menos de 55 anos de idade.

Infelizmente, os dependentes das políticas públicas foram convencidos pelos beneficiários da atual Previdência de que seriam prejudicados pela reforma. Ajudou nesta tarefa a porca estratégia de comunicação do governo.

Enfim, não sou funcionário público, não preciso do bolsa família, não dependo de escola pública, consigo me defender da inflação.

Boa sorte pra vocês nesta viagem para o abismo.

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