A decisão da minha assembleia

Acabo de receber o boleto para pagamento da Contribuição Sindical do Sescon. Ia jogar fora sem abrir o envelope mas a curiosidade foi maior.

E não é que valeu a pena? Como é que eu ia perder isso?

Depois de loas à existência do sindicato, vem a ameaça: “é importante esclarecer que, em virtude da insegurança jurídica trazida pela reforma trabalhista (!) e a possibilidade de retorno do caráter compulsório (!!) da contribuição sindical, inclusive com efeitos retroativos (!!!), o SESCON, no dia 21/11/17 realizou uma assembleia, meio transparente e soberano para ouvir seus representados (!!!!) e foi decidido, por unanimidade (!!!!!) pela autorização da continuidade da cobrança da contribuição para todos (!!!!!!!!!!!!!).

O curioso é que eu também realizei uma assembleia, no caso aqui em casa, e a decisão, também unânime, foi mandar o sindicato tomar caju.

Mais um político da velha guarda

Conheço gente boa, bem longe de ser radical, que gosta, votou e votaria novamente em Fernando Haddad.

Haddad tem aquele jeito de intelectual ponderado, razoável, honesto intelectualmente, que se deixa convencer por argumentos. Ao mesmo tempo, é de esquerda, tem “preocupação social”. Por fim, tem ideias modernas sobre a organização social, está ligado nas grandes pautas globais sobre ecologia, inclusão, mobilidade. Enfim, trata-se de uma combinação poderosa para jovens e menos jovens.

Pois bem. Peguei o final de uma entrevista do ex-prefeito na CBN hoje. Com palavras fofas, defendia o mesmo cardápio de Lindbergh e Stedile: como se trata de uma condenação injusta, vamos manter a candidatura de Lula, pois o país merece tê-lo como candidato. Os detalhes jurídicos da pretensão seriam irrelevantes.

Haddad poderia ser uma voz ponderada dentro do PT. Apontar a nudeza do rei e liderar uma renovação. Esse seria o papel que combinaria com a descrição feita acima. Mas Haddad se mostra como o que verdadeiramente é: apenas mais uma marionete de Lula, afundando com o barco do mestre.

Fernando Gabeira (a quem sobra honestidade intelectual), em mais um iluminado artigo no Estadão de hoje, analisa a perda de tempo do país ao focar no tapetão de uma causa perdida, que é essa candidatura de Lula. Em determinada altura, diz: “Dentro ou fora da cadeia, Lula será um importante eleitor. Não creio que tenha descido acidentalmente ao lado de Jaques Wagner e Fernando Haddad em Porto Alegre. Faz parte do ritual comunista indicar a sucessão pela proximidade física nas aparições em público.”

Está aí. Haddad quer ser ungido por Lula seu sucessor. Ao invés de honestamente reconhecer os erros e reconstruir o partido sobre novas bases, quer montar sobre a popularidade do profeta de Garanhuns. Haddad, para decepção dos seus modernos e descolados admiradores, não passa de mais um político da velha guarda.

Estado Democrático de Direito

“Esse ser humano simpático que está falando com vocês não tem nenhuma razão para respeitar a decisão de ontem” – Lula

“Aqui vai um recado para dona Polícia Federal e para o Poder Judiciário: não pensem que vocês mandam no país. Nós, os movimentos populares, não aceitaremos de forma alguma e, impediremos com tudo o que for possível, que o companheiro Lula seja preso.” – João Pedro Stédile

“Não tenho ilusão de que vamos achar saídas por dentro das instituições. Vamos derrotar esse golpe com uma liminar judicial? Não. Só temos uma caminho, que são as ruas, as mobilizações, rebelião cidadã, desobediência civil.” – Lindbergh Farias

“A ida ontem à Avenida Paulista foi muito importante (a Justiça havia proibido a manifestação na avenida). Esse é o modelo (de desobediência civil). Se quem deve preservar a institucionalidade, agride e hostiliza a institucionalidade, não cabe a nós ficar de braços cruzados respeitando decisões que são inconstitucionais, que são ilegais.” – Wadih Damous

Até quando trataremos o PT como um partido a mais no jogo democrático?

Parabéns São Paulo!

Meu pai é carioca e minha mãe é polonesa, que veio com os pais para São Paulo aos 11 anos de idade.

Recentemente, minha mãe me contou que, quando se casaram, ela queria morar no Rio, mas meu pai insistiu para que se estabelecessem em São Paulo. Arrumou emprego e foi assim que nasci paulistano.

Agradeço a meu pai por ter insistido. Não que nascer carioca ou em qualquer outra cidade fosse ruim. Muito pelo contrário. Acredito firmemente que você escolhe ser feliz, sendo o ambiente apenas um dado do problema. Se tivesse nascido e vivido no Rio, estaria hoje tecendo loas à Cidade Maravilhosa.

Mas nasci aqui. Mesmo com todos os problemas de uma metrópole do 3o mundo, São Paulo é tudo de bom. Não é uma cidade para amadores, mas para aqueles que conseguem doma-la, o retorno que proporciona é insuperável.

São Paulo é a minha cidade, onde fui criado e criei meus filhos. Não há como não ter gratidão e admiração.

Parabéns a todos os paulistanos, de nascimento e de adoção.

A condenação de Lula pelo TRF-4

Agora, já refeito da ressaca, consigo analisar friamente o que aconteceu ontem no TRF-4, onde o agora oficialmente corrupto Lula foi condenado por unanimidade e com agravamento também unânime da pena.

Duas coisas me chamaram a atenção.

A primeira foi a defesa enfática do trabalho do juiz Sérgio Moro e de todos os responsáveis pela operação Lava-Jato. Mais do que isso: a reafirmação de que aquele tribunal era independente e técnico, e não se dobrava a pressões de qualquer natureza. E mais: a clara indignação dos magistrados com a pressão sofrida nas últimas semanas.

Apesar de se pautarem pela lei e pelas provas (3 horas de leitura de provas!), os desembargadores são seres humanos e, para mim, reagiram sim à pressão ignominiosa feita pelo corrupto Lula, seus advogados e pelo PT. Uma pressão que ultrapassou em muito o razoável em um Estado Democrático de Direito. Uma afronta à justiça e seus operadores.

Fiquei com a impressão de que, não fosse essa pressão, o resultado poderia ter sido diferente, com talvez um dissenso na pena, o que abriria mais possibilidades para a defesa. Teria o corrupto Lula e o PT outra linha de ação, digamos, mais suave? Sim, se estivessem de fato convencidos da fragilidade das provas. Já disse aqui e repito: a virulência com que o corrupto Lula e o PT afrontaram a Justiça foi uma confissão de culpa maior do que todas as provas reunidas. E isso certamente não passou despercebido pelos experientes desembargadores.

O segundo ponto que me chamou a atenção foi a contextualização do crime. Moro, em sua sentença, trabalha para ligar o triplex a 3 contratos da OAS com a Petrobras. Muito específico. Os desembargadores ampliam esse entendimento, relembram o Mensalão e colocam o corrupto Lula no centro do maior esquema de corrupção de todos os tempos. O revisor Leandro Paulsen só faltou pedir o PowerPoint do Dalagnol para explicar melhor o que queria dizer. Aquele PowerPoint, tão ridicularizado pelo PT e pelos analistas isentos, foi acolhido ontem por quem realmente importa nesse processo: os juízes.

Agora, resta prender o corrupto Lula, segundo a lei vigente no país. A julgar pela continuidade das afrontas à Justiça mesmo depois da sentença, trata-se de tarefa urgente.

Só que não

Voltando de trem e ônibus para casa.

Incrível a revolta do povo popular com a sentença do TRF-4.

Quebradeira, tumulto, incêndios. Todos só falam em defender Lula com a própria vida.

Só que não.