Correndo por fora

Em determinado momento das eleições de 1989, Afif Domingos apareceu como elemento surpresa, chegando a ficar em 3o lugar nas pesquisas. As baterias voltaram-se para ele, que acabou lá na rabeira.

Em 1994, Eneias surpreendeu a todos com seus 15 segundos de TV, chegando-se a cogitar se não teria condições de chegar ao 2o turno. Ficou em 3o, mas muito distante dos dois primeiros.

Em 2002, foi a vez de Roseana Sarney ameaçar o duopólio PT/PSDB. Chegou a assumir a 2a colocação em algumas pesquisas, mas não sobreviveu ao bombardeio.

Em 2014, Marina chegou a liderar as pesquisas, mas sequer chegou ao 2o turno.

Para aqueles embevecidos ou assustados com a chegada forte de Joaquim Barbosa nas pesquisas, um recado: estamos apenas em abril.

Nanismo diplomático

Assisti ontem Entebe, do José Padilha. Se você relevar algumas mensagens sebosas no meio, é um bom thriller, com excelente ritmo.

Tive curiosidade de ler os jornais da época. Isso que vai aí é a reação da diplomacia brasileira.

Quatro brasileiros (todos judeus) haviam sido libertados na primeira leva. Sendo assim, Azeredo da Silveira não se viu no dever de agradecer ao governo de Israel pela libertação dos reféns. Além disso, deu lição de moral, insinuando que em Israel haveria “cidadãos de segunda classe”, o que simplesmente não corresponde aos fatos.

No final, usa como desculpa o ataque em solo ugandense para não enviar cumprimentos. Como se Idi Amin Dada não tivesse sido cúmplice do sequestro.

A tradição de nanismo diplomático vem de longe.

Capitalismo selvagem

Muitos empresários, mas muitos mesmo, saíram da pobreza com base nas regras do capitalismo. Aliás, muitos empregados também. O fluxo de venezuelanos para o Brasil e outros países demonstra, para quem tem olhos para ver, a falácia do Estado como “indutor do desenvolvimento social”, o que quer que isso signifique.

É natural que o ex-ministro do STF invoque sua trajetória para defender um “Estado como indutor do desenvolvimento social”: como funcionário público de carreira, nunca precisou se preocupar em gerar lucro ou manter seu emprego. O Estado foi o indutor de seu próprio “desenvolvimento social”. Nunca lhe ocorreu que seu salário é pago, em última instância, pelos lucros dos empresários e pelos salários dos empregados que vivem sob as regras do capitalismo. E, no Brasil, um capitalismo que caminha com uma bola de ferro amarrada à perna, chamada “Estado indutor do desenvolvimento social”.

Não se engane: quando você ouvir alguém falar que é contra o “ultraliberalismo” ou o “capitalismo selvagem”, na verdade é contra o livre mercado mesmo. Este discurso é somente uma desculpa para manter uma grande burocracia estatal (de onde o ex-ministro tem sua origem) e um capitalismo de laços, onde se dá bem quem é amigo do rei.

Nada consegue destruir uma narrativa

Agora que Aécio virou réu, preparem-se para a mudança da narrativa: “Aécio já estava morto politicamente, condená-lo é fácil. O Alckmin, que vai concorrer nas eleições, foi liberado”.

Não há nada, absolutamente nada, que consiga destruir uma narrativa.

Pode acreditar

Falou o deputado do partido que deixou a Eletrobras com prejuízo de mais de R$ 20 bilhões.

Sim amiguinho, a Eletrobras na mão do estado dá lucro sim, pode acreditar.